terça-feira, 11 de junho de 2013

Referências Bibliográficas

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Organização da Sequência Didática

Situação de Aprendizagem

A organização da Sequência Didática

A organização da SD se baseou em uma macroestrutura, a proposta de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004[2001]). No modelo de SD indicado pelos autores, o trabalho está dividido em três momentos: Apresentação inicial (com uma primeira produção), módulos de ensino e, por fim, produção final. Efetuou-se a sua organização com quatro módulos, cujas atividades proporcionam um conhecimento articulado sobre o Gênero Cordel. A partir deste esquema, a produção final compreende uma avaliação somatória que demonstre a aprendizagem do gênero poemas de cordel dialogando com uma prática educacional construtivista.
A Sequência Didática apresentada neste TCC procurou demonstrar aos alunos elementos do surgimento do Cordel no Brasil. As atividades contemplaram o universo dos cordelistas, por meio da análise de elementos de produção, circulação e recepção do gênero, como também questões sobre estilo, metrificação e ritmo. A discussão proposta se estendeu sobre a xilogravura utilizada nas capas dos poemas de cordel, o que também colabora para que eles tenham um conhecimento mais amplo dessa produção cultural.
Na APRESENTAÇÃO DA SITUAÇÃO, promove-se uma roda de discussão sobre a Literatura de Cordel. Representativamente, com a figura do sanfoneiro, são expostas perguntas aos alunos a fim de instigar a construção do conhecimento no gênero Cordel. Diante do exposto, inicia-se a sequência didática com uma discussão sobre o gênero cordel e, posteriormente, um vídeo O Coronel e o lobisomem e outro sobre a Literatura de Cordel a fim de sensibilizar o educando no processo de aprendizagem sobre o gênero. Nessa diversidade cultural apresentada aos alunos, iniciam-se atividades com o poema de cordel de Patativa do Assaré: Filho de gato é gatinho e, uma sensibilização poética com trechos de Cora Coralina. Também, sucintamente, a biografia desses cordelistas. A PRIMEIRA PRODUÇÃO TEXTUAL resgata-se as características fundamentais do gênero cordel: conteúdo temático, finalidade de produção, estilo, enredo e estrutura poética, meio de circulação e a representação do tema por imagens.
No MÓDULO I, procura-se evidenciar “o aspecto sócio-histórico, o contexto de produção, circulação e a contextualização do cordel como literatura”. Os itens são abordados no poema de cordel de Rodolfo Coelho Cavalcante:Origem da literatura de cordel e sua expressão de cultura nas letras de nosso país. Resgatam-se a partir desse contexto outros aspectos que são norteadores sobre a história do gênero cordel e o seu contexto de produção e circulação na sociedade. Como também o poema de Josafá M. Costa: Lampião uma história inglória, cuja proposta é enfatizar ao aluno sobre a mensagem (histórica e/ou folclórica) nos poemas de cordel. O poeta articula e reconstrói o fio narrativo e o aluno percebe que diferente do gênero notícia há nos poemas presença do eu lírico do poeta.
No MÓDULO II, o foco é o “tema” no gênero Cordel. Os aspectos multissemióticos são demonstrados na produção do gênero promovendo a intertextualidade e interdiscursividade. A proposta é apresentar temas de narrativas tradicionais que envolvam histórias do cotidiano, do universo sertanejo, folclóricos como religiosos, cuja característica marcante é a luta contra o mal, em que o bem sempre vence. Os poemas selecionados são de Medeiros Braga: O Jeca Tatu de Monteiro Lobato, cujo fio narrativo em versos faz uma análise da obra Urupês de Monteiro Lobato sobre o personagem Jeca Tatu e, termina comparando com o perfil do brasileiro: um Jeca na hora de escolher o seu candidato eleitoral. Por fim, a contextualização do personagem Jeca Tatu da obraUrupês aos elementos de remidiação e ao processo de retextualização nos filmes de Mazzaropi. Outro poema, ABC da saudade de Luiz da Costa Pinheiro, apresenta a temática através das letras do alfabeto no primeiro verso de cada estrofe. Posteriormente, os poemas de Rodolfo Coelho Cavalcante: A Moça que Bateu na Mãe e Virou Cachorra O Casamento do Macaco com a Onça. São poemas de causos maravilhosos que têm como função social de ensinamento, aconselhamento e transmissão de sabedoria popular.
Na gestão de escrita de versos de cordel, o poeta utiliza várias estratégias para compor o poema em que transmite uma mensagem ou reflexão - um discurso que envolve leitor e escritor. No MÓDULO III, “a estrutura composicional” analisa-se a estrutura poética da Literatura de Cordel: escansão poética, principalmente, nas estrofes em sextilhas e o esquema de rimas mais comum ABCBDB também por análise as quadras, sextilhas, oitavas e décimas. Revela-se ao aluno que a forma do gênero cordel apresenta características do gênero poético em relação à rima, métrica e disposição das informações em verso a fim de tornar fácil a memorização do poema. A constituição do enredo apresenta uma situação de equilíbrio, desenvolve um conflito e termina restaurando o equilíbrio, ou seja, uma estrutura de narração cíclica. Os poemas elencados nessa unidade: Biografia em Cordel de Luiz Gonzaga de Altair Leal; um trecho do poemaJeca Tatu de Monteiro Lobato de Medeiros Braga; Vagalume – cordel infantil de Maria Hilda de Jesus Alão como também A chegada de lampião no Inferno de José Pacheco da Rocha para ilustrarem o ritmo musical das rimas e a situação sociocomunicativa do gênero. Por fim, os aspectos gerais que envolvem a confecção de xilogravuras; marca característica do cordel, pois apontam claramente para a temática.
No MÓDULO IV, “o estilo” é uma característica do cordel que emprega palavras e expressões da linguagem popular e são compreendidas pelo público a que se destina o poema. Ao ler os folhetos, encontramos a linguagem popular que se aproxima dos usos locais da oralidade, facilitando assim a própria memorização para quem recita e para quem ouve as narrativas. Outra característica do gênero cordel é uso de recursos textuais – técnicas de persuasão e convencimento para que o leitor acate a ideia proposta. O tom poderá ser humorístico, de crítica social, elogioso, de informação, de formação moral. O poema selecionado: Ai! Se sêsse!... de Zé da Luz que trabalha com a aliteração e as variedades linguísticas. Por fim, o destaque linguístico – a canção ABC do Sertão de Luiz Gonzaga para aproximar o aluno à oralidade contida no Gênero Cordel.
A PRODUÇÃO FINAL propõe-se o estabelecimento de metas para a proposta de produção do Gênero Cordel e apresentação final. Com o procedimento sequência didática de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004[2001]), o aluno é capaz de articular os aspectos da Literatura de Cordel, pesquisar os poemas de cordel e, assim refazer uma nova construção de conhecimento sobre o gênero cordel. Uma elaboração mais contextualizada das características que envolvem o gênero, principalmente os principais passos na construção do cordel: uma sentença inicial; indícios de desequilíbrio da situação inicial; a constatação desse desequilíbrio; a tentativa de recuperar o equilíbrio do início; a volta do equilíbrio inicial. Deste modo, direciona-se o pensar do aluno para o tema, a finalidade, o eu lírico, a situação sociocomunicativa, a variedade linguística, o tom, o estilo de linguagem, a forma composicional, a técnica de memorização, a ilustração e finalmente, a organização do folheto para a exposição cultural. Com o exposto, demonstram-se atividades que valorize a construção do conhecimento.





As atividades propostas em cada unidade de trabalho
Nas atividades da Apresentação Inicial, perguntas de conhecimentos gerais para verificar o que os alunos já sabem sobre o gênero cordel: origem, contexto de produção, estilo e finalidade. Após a discussão inicial, apresentação de vídeos sobre Literatura de Cordel para situar o aluno ao contexto de situação e produção assim desenvolver uma nova discussão sobre o gênero. Após as informações iniciais, o aluno tem outra atividade: analisar o que é cordel lírico-narrativo (a situação de equilíbrio, o conflito e a restauração do equilíbrio), o seu tema e a finalidade. Em seguida, as características poéticas presentes no gênero. O desafio é apresentar propostas de ensino que interajam e se articulem de modo a contribuir para o desenvolvimento saudável do aluno como ser pensante e atuante. Esclarece Silva (2004) que é necessário desenvolver atividades para despertar a percepção sobre a realidade que o cerca e observar, compreensivelmente, os fenômenos sociais. Acrescenta Zoppi-Fontana (2012) que o tema, a construção composicional e o estilo sofrem mudanças diacrônicas e os gêneros discursivos são afetados por essas mudanças. Braga e Buzato (2012) explica a necessidade de levantar o que os alunos já sabem sobre o gênero a fim de observarem o gênero estudado, suas características e compreenderem a situação de produção.
Em outra atividade designada como “sensibilização poética”, o aluno articula seus conhecimentos sobre poesia (estrofes, versos, rimas) para abranger no gênero cordel. Depois, propôs-se a primeira produção para avaliar o que já sabem sobre o gênero cordel. Os alunos compreendem os elementos gerais do gênero cordel: tema, estilo, enredo poético, representação por imagens e elaboram um poema. O tema é do próprio universo estudantil: escola; solicita-se uma estrutura mais simples em quadras ABAB; a escolha do estilo de linguagem (irônico, elogioso, sério, denunciador, declamatório, metafórico, personificação) e a identificação da situação de equilíbrio inicial, o conflito que se desenvolve e o equilíbrio final no enredo poético. O objetivo é o aluno compreender a realidade pela observação e circunscrever os dados obtidos. Argumenta Braga e Buzato (2012) que somos seres sociais e precisamos da linguagem para viver em sociedade. Rojo (2004) explica que precisamos conhecer o mundo, a sociedade e suas linguagens. Marcuschi (2010) esclarece sobre a importância da produção textual e pressupõe que o sujeito, no caso o aluno um observador de sua realidade cultural e produtor textual. Para Avelar (2012), a escola precisa conduzir o aluno à compreensão do que é a linguagem e o habilitando a se expressar em diferentes níveis. Elucida Freire (1980), sobre uma educação libertadora e participativa dos processos sociais e culturais.
No Módulo I, o aluno busca informações sobre a história e o desenvolvimento literário do gênero cordel através do poema que narra à origem do cordel. As atividades salientam os aspectos históricos e a diferença do cordel de cordel-literatura. Também se inicia a metrificação para sensibilizar o aluno na narrativa em versos e o porquê é fonte de informação popular. Houve em outra atividade o enfoque no eu lírico, ou seja, como o poeta se apresenta na poesia e, a figura do herói no cordel.  Por meio do poema, o aluno compreende a literatura do cordel e a sua função na sociedade sertaneja. Freire (1996) propõe que somente um ser observador de seu contexto é capaz de distanciar-se e capaz de transformá-lo e participar historicamente dos fatos. Freire (1988) diz que primeiramente lemos o mundo para depois retratá-lo na palavra. Zoppi-Fontana (2012) define que o sujeito pode ser o autor e o leitor da sua produção textual eDolz; Noverraz e Schneuwly (2004[2001]) explicam sobre atividades de cunho observador que favorecem a análise dos elementos do gênero.
No Módulo II, são atividades que mobilizam o aluno a pensar no teor da informação: o seu tema, a mensagem no poema e o que procura ensinar ou transmitir no enredo poético. Se há intertextualidade e por qual motivo busca informações na cultura popular? Também identificam os elementos mais comuns nas produções de cordéis: aventuras, humor, histórias de amor, crítica social, universo sertanejo até os causos maravilhosos. O aluno, por observação e análise, deve identificar o que é mais comum aparecer nos cordéis. Com base nos títulos, o aluno deverá inferir sobre a temática central dos cordéis e refletir sobre as condições de produção dos textos e o que leva os cordelistas a escrever sobre cada temática. O principal é desenvolver a percepção e refletir sobre os elementos narrativos do gênero poema de cordel. Como indica Bentes (2012) sobre a natureza contextual de produção e finalidade; a natureza discursiva: o que dizer ao outro dependendo do lugar discursivo e a natureza textual com a sua sequência: forma, composicional e estilo. Esclarece Caretta (2008), que o conteúdo temático é o sentido do texto, uma apreensão da realidade na qual a esfera discursiva delimita e determina esse conteúdo temático. Para Rojo (2004), ser letrado na vida é interpretar diversos textos e discursos de acordo com a realidade na qual foi elaborada. Avaliando suas ideologias e trazendo as informações contidas no texto para o seu contexto social. Elucida Freire (1980) que é a transformação da consciência ingênuo-transitiva para uma consciência crítica através do diálogo intertextual assim desenvolver a consciência mais científica dos fatos, o lado epistemológico no educando.
No Módulo III, o aluno ser conduzido a uma observação na composição do poema em estrofes, versos e rimas. As atividades, por dedução, levam o aluno a identificar o esquema de rimas mais comuns nos poemas de cordel: as sextilhas. Por que se utiliza tal esquema e para quê? As sextilhas também são analisadas pelos alunos em um exercício dedutivo. O aluno percebe a importância da tradição oral nos poemas de cordel e a técnica que facilita a sua memorização: a sua estrutura cíclica no enredo (a situação de equilíbrio, o conflito e a restauração do equilíbrio); como também outros recursos o uso do ABC, acrósticos e o cordel biográfico. Por fim, tem contato com os aspectos que envolvem a arte da xilogravura nos cordéis e seus conteúdos temáticos. A chave do texto é provocar o leitor e/ou ouvinte, pois a composição de um texto está nos recursos que facilitam a memorização. Rojo (2002), explica para formar um leitor cidadão é necessário que o aluno compreenda a sua realidade através de atividades diferenciadas. Dolz; Noverraz e Schneuwly (2004[2001]) ratificam que os alunos necessitam criar contextos de produção com múltiplas atividades, pois permitirá ao aluno desenvolver suas capacidades de expressão oral e escrita. Salientam que a comunicação humana mantém viva as ações passadas possibilitando que sejam revividas e registradas pela linguagem.
No Módulo IV, engloba o estilo do cordel, pois com as atividades o aluno reconhece os traços linguísticos característicos do território brasileiro e o tom discursivo (humor, sátira e informações) presentes nos poemas. O aluno aborda como a linguagem é utilizada no cordel: ao ler os poemas, compreende o ritmo e a finalidade das pontuações percebendo a musicalidade no texto. Com as atividades, retoma a questão do fio narrativo (o que desencadeia um conflito e como o eu lírico informa que resolveria a questão) presente nos poemas de cordel. Afinal, o poema de cordel foi criado para ser recitado. É importante que os alunos percebam a relação dos recursos estilísticos utilizados pelo poeta para criar esses efeitos, como a musicalidade e o ritmo. Também a diversidade lexical e os regionalismos empregados, elementos para o estilo do gênero. O poeta fazia os versos oralmente, não escrevia. Nesse, caso, a oralidade assume papel central na produção da literatura de cordel. No final, uma canção de Luiz Gonzaga ABC do Sertão para sensibilizá-los sobre variedades linguísticas. Afirma Avelar (2012) que o papel da escola é desenvolver as capacidades leitoras do aluno através de recursos que o habilitem a expressão oral e escrita. Distingue Marcuschi (2001) sobre a oralidade, que se trata de uma prática sociocomunicativa e pode ser formal ou informal dependendo do contexto de uso. Bentes (2012) pontua que a oralidade e a escrita estão conectadas socialmente e se completam no discurso interativo utilizando-se de vários recursos como a pontuação e seleção lexical. Não deixando de analisar o quadro multissemiótico da oralidade: ritmo de fala, entoação, gestualidade e expressão. Scherre (2008 apud Abraçado, 2008) comenta sobre as variedades linguísticas e que somos multilíngues na arte de ouvir.
Na Produção Final, uma proposta contextualizada a qual pode ser comparada à primeira produção para que se perceba o progresso do aluno. Nos exercícios, os alunos abordam aspectos da temática, da forma composicional e do estilo dos poemas, aspectos da musicalidade com destaque para as rimas. As características típicas do cordel: estrofes de seis versos (sextilhas), versos de sete sílabas poéticas e rima de versos pares. O aluno ser o arquiteto de suas reflexões e tece uma concepção cultural, cujos sentidos favoreceram a construção do saber. O objetivo dessa atividade é sistematizar os conhecimentos sobre o gênero antes de solicitar aos alunos que produzam seus cordéis. Neste caso, o protagonismo juvenil é fundamental no contexto escolar: valorizar a sua cultura e provocar no aluno a vontade de ‘aprender a conhecer’ outros aspectos culturais; ter consciência desse processo de produção de sentidos e elaborar uma prática discursiva. Os autores Dolz; Noverraz e Schneuwly (2004[2001]) explicam essa sequência como capitalizar as aquisições por módulos e constroem progressivamente conhecimentos sobre o gênero adquirindo uma linguagem técnica. Nessa perspectiva, os autores propõem questões sequências sobre o gênero, proposta da turma, suporte, finalidade e interação. Revela-se ao professor o nível de aprendizado dos alunos do processo de aprendizagem por módulos. Em síntese, Bentes (2012) e Marcuschi (2006) avaliam que a aprendizagem dos gêneros possibilita ao aluno adquirir a competência de reconhecer os diversos gêneros textuais e discursivos nos processos sociocomunicativos determinados historicamente.

A Arte Poética

A Arte Poética

A esfera comunicativa Literária
Ao buscar um conhecimento, o ser humano observa o seu cotidiano e o transforma. A conexão do pensamento com a realidade floresce o mistério de criar palavras em um determinado contexto linguístico são as palavras perfeitas, palavras que emocionam a palavra mágica de Drummond (2012) em seu Discurso de primavera: “Certa palavra dorme na sombra de um livro raro./[...]É a senha da vida/ a senha do mundo./[...] Procuro sempre, e minha procura/ficará sendo/ minha palavra.” Esclarece Caretta (2008, p. 19):

Cada esfera da comunicação social constrói os seus gêneros tendo em vista as suas finalidades, logo os gêneros determinam o enunciado que reflete as condições de sua esfera discursiva. Segundo Bakhtin são três os elementos que definem o gênero: o conteúdo temático, o estilo e a forma composicional. Esses elementos relacionam-se intrinsecamente na constituição do enunciado, levando em conta a relação com os destinatários e com o discurso do “outro”.

“Penso, logo existo” de Descartes, filósofo francês, reside na compreensão da linguagem em determinado contexto de produção.  Chaui (2002, p. 66, grifo meu) explica que:

[...] O cristianismo, particularmente com Santo Agostinho, trouxe a ideia de que cada ser humano é uma pessoa. [...] Se somos pessoas, somos responsáveis por nossos atos e pensamentos. Nossa pessoa é a nossaconsciência, que é nossa alma dotada de vontade, imaginação, memória e inteligência.

Uma consciência cujas sementes da alma constroem os textos literários como esclarece Alves (2003, p. 27): “semear os sonhos de beleza que se encontram no nascedouro de um povo.”          

[...] Predomina, no discurso interior, o sentido sobre o significado das palavras: no plano intrapsicológico o indivíduo lida com a dimensão do significado que relaciona as palavras às vivencias afetivas e contextuais muito mais que ao seu aspecto objetivo e compartilhado. [...] As palavras desempenham um papel central não só no desenvolvimento do pensamento, mas também na evolução histórica da consciência como um todo. Uma palavra é um microcosmo da consciência humana. (VYGOTSKY, 1989, p. 132 apud OLIVEIRA, 1992, p. 82, 83).

Com o processo de internalização o indivíduo constrói o seu plano intrapsicológico, assimilando a cultura e construindo a sua identidade, um processo de desenvolvimento do plano interno da consciência. Através da escrita literária, o aluno apreende o sentido da realidade, pois é pela leitura que se desenvolve a capacidade de imaginar o contexto social vigente nos textos. 

Ler envolve diversos procedimentos e capacidades (perceptuais, práxicas,cognitivas, afetivas, sociais, discursivas, linguísticas), todas dependentes da situação e das finalidades de leitura, algumas delas denominadas, em algumas teorias de leitura, estratégias (cognitivas, metacognitivas). (ROJO, 2002, p. 02).

Por conseguinte, os gêneros são agrupados de acordo com a esfera de comunicação. 

Os gêneros textuais circulam em esferas comunicativas. Cada esfera da atividade humana (cotidiana, escolar, literária, científica, jornalística, publicitária etc.) possui um repertório de gêneros que ela constrói, em função de suas finalidades, orientando nossas ações de linguagem em cada uma delas. Há gêneros, por exemplo, que circulam na esfera religiosa (orações, hinários, certificado de batismo etc), mas não na esfera jurídica, em que vão circular outros gêneros (petição, depoimento, escritura, discurso de defersa e de acusação, sentença, certidão de nascimento etc.).  (MAHER e AMARAL VERAS, 2012, p. 03).

Uma esfera comunicativa nada mais é do que a construção do conhecimento através da compreensão leitora: “[...] um ato de cognição, de compreensão, que envolve conhecimento de mundo, conhecimento de práticas sociais e conhecimentos linguísticos muito além dos fonemas.” (ROJO, 2002, p. 03).

O discurso/texto é visto como conjunto de sentidos e apreciações de valor das pessoas e coisas do mundo, dependentes do lugar social do autor e do leitor e da situação de interação entre eles – finalidades da leitura e da produção do texto, esfera social de comunicação em que o ato da leitura se dá. Nesta vertente teórica, capacidades discursivas e linguísticas estão crucialmente envolvidas. (ROJO, 2004, p. 03, grifo meu).


Na esfera comunicativa literária circulam os seguintes gêneros textuais: poemas, contos, romances, crônicas, poemas visuais, fábulas, apólogos, lendas como parábolas presentes em livros didáticos e dispositivos digitais. O jogo de palavras, a pontuação que circunscreve a mensagem; o diálogo com o leitor como elucida Freire (1980, p. 07): “transformando a consciência ingênuo-transitiva para uma consciência crítica, através do diálogo.” Um diálogo intertextual que a esfera literatura cria e recria constantemente. Uma oportunidade para desenvolver a consciência mais científica dos fatos, desenvolver o lado epistemológico no educando. Como também afirma Alves (2003, p. 86): “Cientistas são aqueles que pescam no grande rio” e filosofando com Alves (2003, p. 22): “O pensamento é uma coisa existindo na imaginação antes de ela se tornar real. A mente é útero. A imaginação a fecunda. Forma-se um feto: pensamento. Aí ele nasce”. A arte de pensar. Nasce e está vivo no gênero poético da esfera literária, principalmente àquela poesia cujo arquétipo referencia o aspecto sócio-histórico de uma civilização: a arte de pensar poesia, a arte de produzir as Poesias e/ou Poesias de Cordel.


A Arte de Pensar Poesia: Literatura de Cordel

A Arte de Pensar 



A ARTE DE PENSAR POESIA:
Literatura de Cordel – A Cultura de um Povo



Figura 1: Procedimento Sequência Didática
                                         Fonte: Dolz; Noverraz e Schneuwly, 2004[2001], p. 03

No decorrer dos módulos foi proposta uma coletânea de atividades com múltiplas elaborações que “permitisse ao aluno compreender melhor a tarefa que lhe é proposta.” Todo esse caminhar teórico-prático tem como finalidade “levar os alunos a um melhor domínio da língua.” (DOLZ; NOVERRAZ e SCHNEUWLY, 2004[2001], p. 06 e 20). A partir desse esquema, a produção final compreende uma avaliação somatória que demonstre a aprendizagem do gênero poemas de cordel dialogando com uma prática educacional construtivista.


O gênero Cordel
No universo de poemas de cordel, os poetas do povo com seus poemas lírico-narrativos revelaram o cotidiano, os costumes, os desejos de um povo simples de alma poética contando suas histórias, suas crendices, as inquietações humanas. A dedicatória contida no livro de cordel de Cora Coralina interpreta a alma dessa literatura de Cordel:

 Pelo amor que tenho a todas as estórias e poesias de Cordel, que este livro assim o seja, assim o quero numa ligação profunda e obstinada com todos os anônimos menestréis nordestinos, povo da minha casta, meus irmãos do nordeste rude, de onde um dia veio meu Pai para que eu nascesse e tivesse vida. (CORALINA, 1986).

O cordel, diferentemente de outros gêneros literários, dirige-se ao povo, por isso os temas, a linguagem e a forma de tratar determinadas questões devem ser relacionadas à cultura popular. Os poetas buscam inspiração no folclore, na religião, em fatos marcantes da comunidade ou mesmo na imaginação - uma visão poética do universo e dos acontecimentos (BRASIL, 2008). Elucida Freire (1980, p. 07), a uma educação libertadora que “contribua para formar a consciência crítica e estimular a participação responsável do indivíduo nos processos culturais, sociais, políticos e econômicos”.  O autor esclarece que:

[...] o diálogo exige igualmente uma fé intensa no homem, fé em seu poder de fazer e refazer, de criar e recriar, fé em uma vocação de ser mais humano [...] o homem de diálogo é crítico e sabe que embora tenha o poder de criar e de transformar tudo, numa situação de alienação, pode-se impedir os homens de fazer uso deste poder.  (FREIRE, 1980, p. 83, 84, grifo do autor).

Apesar de sofrer influências da modernidade, ainda hoje, o gênero Cordel continua tendo uma função social de ensinamento, de aconselhamento, muitas vezes transformada em transmissão de informações. É uma atividade artística de contar histórias com valores morais. Muito difundidos na região nordestina, os folhetos poéticos ficam pendurados por cordões ou barbantes como também em uma pequena mala ou espalhados sobre uma lona em exposição nas feiras culturais, e seus versos são declamados nas feiras do nordeste brasileiro. (SÃO PAULO, 2010). Em Dolz e Schneuwly (2004 apud Bentes, 2012, p. 06) explicam que: 

[...] um dos mais importantes domínios da comunicação humana é o domínio do registrar (manter vivas na memória) as ações humanas. Esse gênero serve justamente para isso: fazer com que nossas ações passadas sejam revividas/registradas pela linguagem.

O cordel, tradicionalmente, conta uma história que costuma narrar as dificuldades e sofrimentos de um herói que, ao final, triunfa e será recompensado. Apresenta uma situação de equilíbrio, desenvolve um conflito e termina restaurando o equilíbrio. Remete, frequentemente, a passagens bíblicas ou de fantasias; lutas e conflitos entre o bem e o mal, em que o bem sempre vence. Por manter um vínculo estreito com a oralidade, muitas vezes, o poeta “chama” o leitor/ouvinte para tomar posição quanto ao tema. Os textos costumam ser longos para abarcar todas as peripécias, venturas e desventuras do herói. As imagens de capa dos livretos, geralmente, xilogravuras artesanais, costumam também ser uma marca característica da Literatura de Cordel. (SÃO PAULO, 2010).

[...] Criar contextos de produção precisos, efetuar atividades ou exercícios múltiplos e variados: é isto que permitirá aos alunos apropriarem-se das noções, técnicas e instrumentos necessários ao desenvolvimento de suas capacidades de expressão oral e escrita, em situações de comunicação diversas. (DOLZ; NOVERRAZ e SCHNEUWLY, 2004[2001] p.02).

Originalmente, uma narrativa oral popular, o texto de cordel conserva marcas de oralidade, e a forma em verso tem o objetivo de facilitar a memorização para ouvintes muitas vezes analfabetos. (BRASIL, 2008). Marcuschi (2001, p. 25) distingue a oralidade como sendo “uma prática social interativa para fins comunicativos que se apresenta sob variadas formas ou gêneros textuais fundados na realidade sonora; ela vai desde uma realização mais informal a mais formal nos mais variados contextos de uso.”

[...] oralidade e escrita são práticas sociais que não estão em oposição, mas são complementares entre si; [...] quando escrevemos, também podemos trazer a oralidade para dentro da escrita por meio de vários recursos: pontuação, manipulação das fontes das letras, apelo direto ao interlocutor por meio do trabalho com as pessoas do discurso, seleção lexical. (BENTES, 2012, p. 08).

Pela finalidade de aconselhamento, ensinamento popular, por exemplo, o cordel se aproxima dos provérbios; por meio da forma poética, o cordel se aproxima dos poemas. As fronteiras que demarcam os diversos gêneros não são muito rígidas e podem ser alteradas com o tempo, com a história dos textos e com o uso que os falantes fazem deles. Por isso, é conveniente trabalhar com as características predominantes na classificação dos gêneros.

Observação do exemplar do gênero em questão; sistematização de suas principais características; compreensão dos fatores que possibilitam sua compreensão (intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade); conhecimentos prévios dos alunos sobre o gênero; produção do gênero na sala de aula. (BRAGA e BUZATO, 2012, p. 02).

Nesse cenário, pode-se ensinar o gênero cordel; completa Braga e Buzato (2012, p. 08): “Dominar as normas e entender as convenções de sentido que regem as diferentes semioses ou linguagens é necessário para sermos leitores e produtores críticos.”

As atividades de observação e de análise de textos [...] Estas atividades podem ser realizadas a partir de um texto completo ou de uma parte de um texto; elas podem comparar vários textos de um mesmo gênero ou de gêneros diferentes. [...] (DOLZ; NOVERRAZ e SCHNEUWLY, 2004[2001] p.10 e 11).

A denominação Cordel vem do provençal, significando cordão. Na Europa, nosso berço literário, Cordel era tudo que ia para a corda: livretos com orações, contos, quadrinhos etc.. É no Brasil, mais precisamente no Nordeste, que a Literatura de Cordel ganha à conotação de narrativa em versos, além de outras conotações, como a de jornal, a de revista; pluridimensional – instrumento especial e preciso do povo. (SÃO PAULO, 2010). A literatura de Cordel apresenta uma linguagem própria que conserva os arcaísmos, que não são outra coisa senão o falar da gente brasileira, geralmente do meio rural, tornando-se um vasto e inesgotável terreno, não só para historiadores, como para investigações dos linguistas. Por muitos considerada uma arte “menor” associada à cultura dos iletrados, com a valorização das formas de expressão populares, o cordel alcançou o estatuto de prestígio na literatura. E não perdeu as características de um gênero intermediário entre a oralidade e a escrita, em que o sujeito narrador dialoga com os fatos e com os ouvintes/leitores. Por essas razões, podemos dizer que representa uma transição entre a cultura popular e a literária. (BAHIA, 1997).
Portanto, o conhecimento parte de uma leitura contextualizada e é isso que propõe Freire (1980, p. 86), quando conceitua a essência da consciência como “um caminho para idealização.” Freire (1980, p. 94) proclama uma sociedade mais justa que aconteceria através da “revolução cultural”.  Em Bazerman (2006, p. 19): “[...] A abordagem social de gênero transforma-o em uma ação social, e assim em uma ferramenta de agência”. Diante dessas colocações dos autores, conscientiza-se sobre o valor do diálogo construído na capacidade do sujeito “des-velar a realidade,” porque “os oprimidos são emocionalmente dependentes” (FREIRE, 1980, p. 61). Conscientização, para não cairmos no preconceito linguístico ou social, Freire revela o quanto é importante o diálogo com o leitor: “transformando a consciência ingênuo-transitiva para uma consciência crítica, através do diálogo.” (FREIRE, 1980, p. 07).
Observa-se na estrutura composicional e estilo do Cordel, primeiramente, a capa com título que aponta para a temática, ilustrada por desenhos, xilogravuras, fotografias etc. Os folhetos normalmente apresentam 8 ou 16 páginas, mas há também aqueles que contêm 32 ou 64 páginas. O cordelista, assim como o trovador medieval e o repentista, produz uma poesia para ser recitada em voz alta. Por essa razão, o texto é escrito em versos, com estrofes, métrica e rimas constantes, com o objetivo de torná-lo fácil de memorizar. No cordel, predomina a organização das estrofes em sextilhas (seis versos), setilhas (sete) ou décimas (dez). Os versos são setissílabos com esquemas rítmicos específicos (ABCBDB, por exemplo). Esse gênero apresenta estrutura de narração cíclica: situação inicial de equilíbrio; degradação da situação; a constatação do desequilíbrio; a tentativa do equilíbrio da situação inicial; a volta do equilíbrio inicial. (SÃO PAULO, 2010).
No Cordel tem-se, também, a presença de intertextualidade com as narrativas da tradição oral, fábulas, lendas, contos e romances da literatura universal. Estruturas composicionais diversas: peleja, ABC, uso de acrósticos, diálogo com o leitor ou ouvinte no início ou no final da narrativa etc. O recurso estilístico que são as marcas específicas da linguagem popular do poeta: léxico especializado, organizações sintáticas próprias, representação ortográfica mais próxima do português falado em algumas variantes. (SÃO PAULO, 2010). A classificação do Cordel como autenticamente popular nasceu dos próprios poetas: Leandro Gomes de Barros, Silvino Pirauá, José Galdino da Silva Duda, Zé da Luz, Patativa de Assaré, José Alves Sobrinho, Zé Melancia, Zé Vicente, José Pacheco da Rocha, Chico Traíra, João de Cristo Rei, Cora Coralina, Rodolfo Coelho Cavalcante, Altair Leal, Maria Hilda de Jesus Alão, entre outros. Vários escritores nordestinos foram influenciados pela literatura de cordel. Dentre eles: João Cabral de Melo, Ariano Suassuna, José Lins do Rego e Guimarães Rosa. Muitos antropólogos e historiadores estudam este tipo de literatura com o objetivo de buscar informações sobre a cultura e a história de uma época. (BRASIL, 2008). Em menção Zoppi-Fontana (2012, p. 01, grifo do autor): que o sujeito pode se constituir em autor do seu texto, assim como em leitor.” A expressão é, foi e fará parte da história da humanidade, uma linguagem sem fronteiras.  Argumenta Braga e Buzato (2012, p. 02, grifo do autor):

É fato que, ao longo da História, as comunidades sempre sentiram a necessidade de usar recursos externos para ampliar as possibilidades de trocas de informação. Somos seres sociais e precisamos da linguagem para interações [...] e evolução das culturas comunitárias.

            Nessa perspectiva nasce as múltiplas línguas de um país, o universo sociolinguístico.