quarta-feira, 31 de agosto de 2022

MÓDULO IV - O Estilo - A Linguagem

 A Arte de Ler e 

Escrever:


MÓDULO IV - O Estilo – A Linguagem

Isolar palavras ou grupos de palavras, repetir palavras ou grupos de palavras e distribuir esses elementos no espaço reforçam a mensagem do poema.
Uma característica do cordel é o emprego de palavras e expressões da linguagem popular falada – com seleção de palavras simples que são compreendidas pelo público a que se destina o poema. Ao ler os folhetos, encontramos a linguagem popular que se aproxima dos usos locais da oralidade, facilitando assim a própria memorização para quem recita e para quem ouve as narrativas.
Outra característica é o uso de recursos textuais como o exagero, os mitos, as lendas, e atualmente o uso de ironia ou sarcasmo para fazer críticas sociais ou políticas. Usar uma imagem estereotipada como personagem também é muito comum, há também cordéis que falam de amor, relacionamentos pessoais, profissionais, cotidiano, personalidades públicas, empresas, cidades, regiões, etc. Na maioria das vezes usam várias técnicas de persuasão e convencimento para que o leitor acate a ideia proposta. O tom poderá ser humorístico, de crítica social, elogioso, de informação, de formação moral etc.

BRASIL: A Cultura de um Povo - OS Traços Linguísticos
  
 Ai! Se sêsse!…
Autor: Zé da Luz

Se um dia nós se gostasse; 
Se um dia nós se queresse;
Se nós dois se impariásse,
Se juntinho nós dois vivesse!
Se juntinho nós dois morasse
Se juntinho nós dois drumisse;
Se juntinho nós dois morresse!
Se pro céu nós assubisse?
Mas porém, se acontecesse
qui São Pêdo não abrisse
as portas do céu e fosse,
te dizê quarqué toulíce?
E se eu me arriminasse
e tu cum insistisse,
prá qui eu me arrezorvesse
e a minha faca puxasse,
e o buxo do céu furasse?…
Tarvez qui nós dois ficasse
tarvez qui nós dois caísse
e o céu furado arriasse
e as virge tôdas fugisse!!!    

                      FIM
A repetição de consoantes ao longo do poema é conhecida como aliteração é uma figura de harmonia da linguagem. 

O poeta Severino de Andrade Silva, mais conhecido como Zé da Luz, poeta, nasceu em 29 de março de 1904 em Itabaiana, região agreste da Paraíba, e faleceu em 123 de fevereiro de 1965 no Rio de Janeiro.

Vamos realizar um jogral!
Ai! Se sêsse!…



Turmas A B C D

SÃO PAULO. Cadernos de apoio e aprendizagem: Língua Portuguesa/ Programas: Ler e escrever e Orientações curriculares. Livro do Professor. Sétimo ano, São Paulo: Fundação Padre Anchieta, 2010.


É fundamental reconhecermos as variedades linguísticas de nosso país e o jogo de sonoridade que esses versos revelam ao ouvinte/leitor. Portanto, você sabe o que são traços linguísticos e/ou linguagem popular?
1. Por que motivo o autor optou por usar a linguagem dessa forma? Se a escrita tivesse sido feita a partir da norma padrão, o efeito de sentido do texto seria o mesmo? Por quê?
2. Nesse poema Ai! Se sêsse!…, há quantos versos? E possível perceber alguma semelhança sonora? O que o poeta provoca com tal uso da língua?
3. Alguns versos desse poema são acompanhados de ponto de exclamação (!), ponto de interrogação (?) e reticências (...). O que esses sinais de pontuação representam?
As escolhas linguísticas do poeta Zé da Luz mostram traços linguísticos característicos do português popular falado por vários brasileiros. O cordel transpõe a fala do nordestino para o registro escrito.  Aponte três aspectos que chamaram sua atenção.
4. Que ação desencadeia um conflito no poema narrativo? Como o eu lírico informa que resolveria tal questão?

Destaque linguístico: Vamos cantar!        ABC do Sertão         -          Luíz Gonzaga

Lá no meu sertão pros caboclo lê
Têm que aprender um outro ABC
O jota é ji, o éle é lê
O ésse é si, mas o érre
Tem nome de rê
O jota é ji, o éle é lê
O ésse é si, mas o érre
Tem nome de rê
Até o ypsilon lá é pissilone
O eme é mê, O ene é nê
O efe é fê, o gê chama-se guê
Na escola é engraçado ouvir-se tanto "ê"
A, bê, cê, dê,
Fê, guê, lê, mê,
Nê, pê, quê, rê,
Tê, vê e zê
Lá no meu sertão pros caboclo lê
Têm que aprender outro ABC
O jota é ji, o éle é lê
O ésse é si, mas o érre
Tem nome de rê
O jota é ji, o éle é lê
O ésse é si, mas o érre
Tem nome de rê
Até o ypsilon lá é pissilone
O eme é mê, O ene é nê
O efe é fê, o gê chama-se guê
Na escola é engraçado ouvir-se tanto "ê"
A, bê, cê, dê,
Fê, guê, lê, mê,
Nê, pê, quê, rê,
Tê, vê e zê
Atenção que eu vou ensinar o ABC
A, bê, cê, dê, e
Fê, guê, agâ, i, ji,
ka, lê, mê, nê, o,
pê, quê, rê, ci
Tê, u, vê, xis, pissilone e Zé
Luiz Gonzaga/ Letras.mus.br. Disponível  em www.letras.mus.br/luiz-gonzaga
Na linguagem da Literatura de Cordel é preciso respeitar o regionalismo e ter uma voz discursiva sobre os temas centrais do poema: política, economia, educação, religião, canções populares e provérbios. Os versos dialogam com o leitor é o poema de cordel conversando com o ouvinte. A dramatização é o indicador do repertório magnífico dessa arte popular e tão conhecida no nordeste brasileiro.
Desse modo, os traços característicos presentes nas estrofes da música de Luiz Gonzaga demonstram alguns aspectos do regionalismo que você estudou e identificou nos poemas de Cordel. A partir da experiência pessoal, na certa você vai poder “curtir” com outro sabor as poesias de cordel e tenha a certeza que estará muito mais próximo da cultura de seu país.

Finalizando...Vamos investigar a Literatura de Cordel

Procure poesias relacionadas à Literatura de Cordel e com a orientação do professor vocês farão um varal com poemas de cordel e, em seguida, com seus cordéis façam a dramatização poética para a turma! Partindo dessa pesquisa...responda
a)    Como os cordéis são divulgados?
b)    Por que esses textos levam o nome de Literatura de Cordel?
c)    Pense na linguagem do cordel: Qual a sua característica marcante?

Cordel de recepção  - Maria Alice Armelin
Amigos aqui presentes
Neste dia de alegria
Queiram sentar, tomem tento
Vai começar a folia
Sintam-se em pleno Nordeste
Sob a luz do meio-dia
Lendo e ouvindo cordel
Que é arte, graça e magia!
O que me aguarda hoje?
Faça sua conjectura
Um causo, lenda, verdade,
Verso de amor ou gastura,
Romance, ódio, paixão,
Vingança, amor, formosura,
Tudo cabe no cordel
E na roda de leitura.
SÃO PAULO. Cadernos de apoio e aprendizagem: Língua Portuguesa/ Programas: Ler e escrever e Orientações curriculares. Livro do Professor. Sétimo ano, São Paulo: Fundação Padre Anchieta, 2010.

Planejando seus passos, elaborem um poema de cordel com a turma: com título, presença de crítica social e seguindo esses passos...
I – Uma sentença inicial.
II – Indícios de desequilíbrio da situação inicial.
III – A constatação desse desequilíbrio.
IV- A tentativa de recuperar o equilíbrio do início.
V- A volta do equilíbrio inicial.

Para isso, no cordel:
1. Quem contará a história? Qual será o tema do cordel? Se for o universo sertanejo, houve preocupação em utilizar a variedade linguística de pessoas da região nordestina sem muito grau de escolaridade? Se for um tema da atualidade ou uma obra, foi explorado em várias de suas facetas?
2. E o eu lírico será do poeta ou do herói? Se for o herói como será? Haverá outras personagens e o papel delas no poema? Em que momento, aparecerão?
3. Produzirão um folheto com quantas estrofes? Na forma de ABC, planejem a estrutura composicional de seu cordel.
4. O tom, vocês darão a seu cordel: humorístico, de crítica social, elogioso, de informação, de formação moral etc. O que vocês precisarão fazer para que esse tom seja identificado pelo leitor nos versos? Há coerência no estilo de linguagem adotado (irônico, elogioso, sério, denunciador...)?

5. Os fatos foram expostos de modo a se reconstruir o fio narrativo da história? A métrica e as rimas estão adequadas para uma declamação do cordel? O texto está escrito de forma que possa ser bem memorizado pelo declamador?
6. Organizem na capa do folheto o título, o nome dos autores e a ilustração. Para confeccionar o folheto, dobrem ao meio folhas de papel sulfite. Lembrem-se de que as páginas devem compor um bloco, que pode ser grampeado para facilitar a leitura. Em cada página, escrevam uma ou duas estrofes para que o cordel fique bem organizado.



SÃO PAULO. Cadernos de apoio e aprendizagem: Língua Portuguesa/ Programas: Ler e escrever e Orientações curriculares. Livro do Professor. Sétimo ano, São Paulo: Fundação Padre Anchieta, 2010.

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