A Arte de Ler e
MÓDULO I – O Cordel
Muitos historiadores e antropólogos estudam este tipo de literatura com o objetivo de buscarem informações preciosas sobre a cultura e a história de uma época. Em meio à ficção, resgatam-se dados sobre vestimentas, crenças, comportamentos, objetos, linguagem, arquitetura, etc.
(http://www.suapesquisa.com/cordel, ac. 10 de out. 2012).
Vídeo: Cordel. Literatura de Cordel, tipo de poesia popular, originalmente oral, impressa em folhetos rústicos, expostos para venda e pendurados em cordas ou cordéis.
Para aprender sobre a origem do cordel, você vai ler algumas estrofes do cordelista e poeta Rodolfo Coelho Cavalcante. De acordo com o poema explore os aspectos do Gênero Cordel (sócio-história, literário, contexto de produção e circulação).
Ø O que é literatura de cordel?
Ø De onde vem a palavra cordel?
Ø Por que o poema diferencia cordel de cordel-literatura?
Ø Quais características do cordel brasileiro você identificou no poema?
Ø O poema que você leu está versificado em sextilhas ou setilhas?
Ø Por que o eu lírico afirma que “não vale cordel em prosa”?
Ø O cordel legítimo é comparado ao jornal. Por que isso acontece, levando em consideração suas visitas a sites e discussões anteriores?
Ø Na literatura, como o cordel é contextualizado?
Origem da literatura de cordel e sua expressão de cultura nas letras de nosso país Cordel quer dizer barbante Ou senão mesmo cordão, Mas cordel-literatura É a real expressão Como fonte de cultura Ou melhor poesia pura Dos poetas do sertão. Na França, também Espanha Era nas bancas vendida, Que fosse em prosa ou em verso Por ser a mais preferida, Com o seu preço popular Poderia se encontrar Nas esquinas da avenida. [...] No Brasil é diferente O cordel-literatura Tem que ser todo rimado Com sua própria estrutura Versificado em sextilhas Ou senão em setilhas Com a métrica mais pura. Neste estilo o vate escreve Em forma de narração Fatos, romances, histórias De realismo, ficção; Não vale cordel em prosa, E em décima na glosa Se verseja no sertão.[...] | O cordel é dividido Escrito, cantado, oral, Porém o cordel legítimo É aquele tipo jornal, Que trazia a notícia nova Em sextilhas, nunca em trova Que agrada o pessoal. O cordel sendo cultura Hoje tem sua tradição, Chamado literatura Veículo de educação Retrata histórias passadas Que estão documentadas Para toda geração.
CAVALCANTE, Rodolfo Coelho. Cordel. São Paulo: Hedra, 2003, p. 37-45. |
O termo cordel vem do provençal, significa cordão. Na Europa, nosso berço literário, Cordel era tudo que ia para a corda: livretos com orações, contos, quadrinhos, etc.. É no Brasil, precisamente no Nordeste, que a Literatura de Cordel ganha à conotação de narrativa em versos, além de outras conotações, como a de jornal, a de revista; é uma atividade artística de contar histórias com valores morais. Os folhetos poéticos ficam pendurados por cordões, expostos em uma pequena mala ou espalhados sobre uma lona para exposição nas feiras culturais. Leandro Gomes de Barros e Atayde são dois dentre os primeiros poetas. Esses trovadores, geralmente, quando declamam são acompanhados por uma viola e/ou sanfona. São narrativas em versos sobre temas do cotidiano, fatos que são notícias e fictícios.
BAHIA. Secretaria da Cultura e Turismo. Coordenação de Cultura. Antologia baiana de literatura de cordel. Salvador: A Secretaria, 1997.
Lampião uma história inglória
Amigos tomem assento Nessa roda de cordel Que vou cantar um lamento Um pouco de mel e fel. Vou falar de um brasileiro Em Vila Bela nascido Que tornou-se cangaceiro Arrojado e destemido. [...] Veio ao mundo um menino De José e de Maria Foi chamado Virgolino Oito irmãos ele teria. [...] Cedo parou de estudar. Pra ajudar no sustento Foi para o pasto aboiar, Pra garantir o alimento. Foram Antonio e Levino Dois de seus oito manos Que mudaram o destino E criaram novos planos. Envolveram-se em brigas Virou um temido bandidoPor marcações de terrenos E muitas outras intrigas Outros conflitos pequenos. [...] Lá pras bandas do Nordeste Vivia sempre escondido Num sofrimento inconteste. Em Juazeiro do Norte Chamado por Padim Ciço Pensou que mudaria a sorte Com valoroso serviço. Levou uma reprimenda Bandeou-se pra Bahia,Pelo seu mau proceder E teve por encomenda No interior combater. [...] Sergipe e Alagoas. Lá teve melhores dias Aquela área era boa. | Por lá um dia ele vem Conhecer Maria Bonita Maria Déia Nenén Numa paixão infinita. [...] Mais tarde, Maria Bonita, Com Lampião por parteiro Deu à luz Expedita Embaixo de um imbuzeiro. [...] A criança foi deixada Com um fiel guardião E seguiu sua jornada O bando de Lampião. [...] Lampião em sua roda Lampião era uma lendaDesenhava o figurino. Ele ditava a moda Criando modelos finos. [...] Até uma madrugada Quando estava na fazenda De nome Angicos chamada. Chegou, então, a volante Eu um proceder perfeito. Devagar e num instante O estrago estava feito. [...] As cabeças arrancadas Do bando de Lampião Correram o mundo mostradas Numa vil exposição, Agora, meu bom amigo, Eu peço sua atenção E que reflita comigo Em delicada questão. Lampião não era santo, Ao menos pelo que sei Mas convenha, no entanto, Que pra isso existe a lei. O proceder da volante Foi coisa de carniceiro. Atitude revoltante Pior que a dos cangaceiros. |
Josafá M. Costa, R.J. Disp: http:// www.mundojovem.com.br/poesias-poemas/cordel. Ac.: 09/10/12
Poema escrito para ser facilmente memorizado, cantado e recitado em praças, feiras e comunidades locais, o cordel mantém forte relação com as narrativas orais, por isso é comum uma função social educativa e de formação: ensinamento, aconselhamento, moral.
A) Qual é o tema desse poema? Por que identificamos esse poema como atual?
B) Os personagens desse poema são conhecidos em outro campo do conhecimento. Qual?
C) Como o poeta se apresenta no texto do cordel? O que ele se dispõe a fazer?
D) Que relação social o texto dá a entender? Destaque passagens do texto que justifique a sua resposta.
O cordel conta uma história e os fatos foram expostos de modo a se reconstruir o fio narrativo. Diferente do gênero notícia, cujo jornalista procura se manter imparcial aos fatos; no poema, há expressões que mostram o posicionamento do eu lírico perante os fatos narrados.
E) Retire versos que revelem a opinião que o eu lírico tem de Lampião. A caracterização do herói na narrativa de cordel: perfil social e cultural.
A palavra fala,
ResponderExcluira palavra diz,
a palavra pensa em
Leitura.
PROJETO DE ROSANGELA BARROS DE LIMA
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