terça-feira, 11 de junho de 2013

A Arte de Ler e Escrever: Poemas de Cordel

A Arte de Ler e Escrever...
poemas de Cordel
ASequência Didática
 A Literatura de Cordel: A Cultura de um Povo.
A construção do conhecimento na esfera comunicativa literária: o Gênero Poético a alunos do 8º ano, ciclo II, Escola Pública Estadual de SP.
Ao falar sobre seus sentimentos, dos mais simples aos mais profundos, o poeta revela a vida através da palavra e a essência da Literatura de Cordel.

Discussão: Junto com o sanfoneiro, vamos começar uma prosa sobre Poemas de cordel:
  • O que você sabe sobre literatura de cordel?
  • Como os cordéis são divulgados?
  • Quem são os possíveis leitores dos poemas de Cordel?
  • Com que finalidade são confeccionados?
  • Há um diálogo com a realidade e outros campos de conhecimento?
  • Você sabe o que são traços linguísticos?

Após a discussão inicial, vamos assistir a um Vídeo sobre Cordel contado por um repentista cego: além de refletir sobre a situação do sertão nordestino, o coronelismo e o cangaço é também folclórico: a lenda do lobisomem. O Coronel e o Lobisomem uma história


do escritor brasileiro José Cândido de Carvalho, sendo lançado em 1964, retrata a vingança de um nordestino contra um coronel. Faminto e sem terra o trabalhador era obrigado a ver os animais da propriedade sendo tratados como seres humanos e ele como um animal. A direção da animação Elvis Kleber e Ítalo Cajueiro, roteiro de Ítalo Cajueiro.  Disponível em: (http://www.portacurtas.com.br/pop_160.asp?Cod=1518&exib=5937), acesso em 11 de out. de 2012. E, uma reportagem sobre literatura de cordel: Globo rural. A Literatura de Cordel. Disp. em http://youtu.be/7DosjK6GSUQ, ac.: 11 de out. 2012.


Mistérios da meia-noite,
que voam longe,
que você nunca, não sabe nunca,
se vão se ficam,
quem vai, quem foi.
Impérios de um lobisomem,
que fosse homem,
de uma menina tão desgarrada,
Desamparada, se apaixonou...
[Trecho da música “Mistérios da Meia-Noite”, de Zé Ramalho]

TEMAS TRADICIONAIS: Anti-heróis, Peripécias e Diabruras
Filho de gato é gatinho
Patativa do Assaré


Era o esposo assaltante perigoso,
o mais famoso dentre os marginais
porém, se ele era assim astucioso,
sua esposa roubava muito mais

A ladra certo dia se sentindo
com sintoma e sinal de gravidez,
disse ao marido satisfeito e rindo:
- Eu vou ser mãe pela primeira vez!

Ouça, querido, eu tive um pensamento,
precisamos viver com precaução,
para nunca saber nosso rebento
desta nossa maldita profissão

Nós vamos educar nosso filhinho
dando a ele as melhores instruções
para o mesmo seguir o bom caminho,
sem conhecer que somos dois ladrões.

Respondeu o marido: - Está direito,
meu amor, você disse uma verdade.
De hoje em diante eu procurarei um jeito
de roubar com maior sagacidade.

Aspirando o melhor sonho de Rosa,
ambos riam fazendo os planos seus.
E mais tarde a ladrona esperançosa
teve um parto feliz, graças a Deus.

"Ai, como é linda, que joinha bela!"
diziam os ladrões, cheios de amor,
cada qual desejando para ela
um futuro risonho e promissor.

Mas logo viram com igual surpresa
que uma das mãos da mesma era fechada.
Disse a mãe, soluçando de tristeza:
- Minha pobre menina é aleijada.

A mãe, aflita, teve uma lembrança
de olhar a mão da filha bem no centro.
Quando abriu a mãozinha da criança,
a aliança da parteira estava dentro.





(In: Feira de Versos: poesia de cordel. Editora Ática).


A poesia de cordel, embora esteja transposta aqui através do escrito, ela é transmitida oralmente, numa situação que envolve contato pessoal, voz, gestos e expressões faciais de quem a declama. O poeta cearense, Antonio Gonçalves da Silva, o Patativa do Assaré, é um dos grandes representantes desses poetas populares. Seus poemas transmitem humor, sentimento, críticas e reflexão sobre o cotidiano do povo que vive no nordeste. A história narrada, geralmente, apresenta uma situação de equilíbrio, desenvolve um conflito e termina restaurando o equilíbrio. Vale à pena conhecer!    


a)    Qual tema e finalidade você identifica no Cordel narrativo?

b)    Destaque, no poema, a situação de equilíbrio inicial, o conflito que se desenvolve e o equilíbrio final.

c)    Que características têm o gênero cordel para ser considerado também pertencendo a um gênero mais     abrangente, a poesia?

Meu Livro de Cordel
Pelo amor que tenho a todas as estórias e poesias de Cordel, que este livro assim o seja, assim o quero numa ligação profunda e obstinada com todos os anônimos menestréis nordestinos, povo da minha casta, meus irmãos do nordeste rude, de onde um dia veio meu Pai para que eu nascesse e tivesse vida.
Cora Coralina
Um breve olhar sobre um belíssimo poema de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas; uma doceira de Goiás que adoçava versos e ficou imortalizada como Cora Coralina. Nascida em Goiás, em 1889, Cora teve uma trajetória literária peculiar. Tinha 76 anos quando seu primeiro livro foi publicado, com 90 sua obra chegou às mãos de Carlos Drummond de Andrade. O cotidiano, os causos, a velha Goiás, as inquietações humanas são temas constantes em sua obra, considerada por vários autores um registro histórico-social do século XX.                
                                                            
Cora Coralina – E – Biografias. Disponível em: www.e-biografias.net/cora_coralina, ac.12 de out.12.

Um pouco de Cordel com Cora Coralina

LUA-LUAR

Escuto leve batida.
Levanto descalça, abro a janela
Devagarinho.
Alguém bateu?
É a lua-luar que quer entrar
[...]
1  Cora Coralina

LUCROS E PERDAS
                  I
Eu nasci num tempo antigo,
Muito velho,
Muito velhinho, velhíssimo.
[...]

2   Cora Coralina





ESTE RELÓGIO
[...]
         VII
Relógio novo, vertical
na parede.
Relógio amigo
vai marcando horas....
Marca sempre
Horas felizes
Neste lar.
Marca sempre
para minha filha
as horas boas
que não marcou
para mim...
3  Cora Coralina
MEU PEQUENO ORATÓRIO

Minha Nossa Senhora das Graças
toda minha.
Das raízes e dos troncos.
Das florestas e das frondes.
Dos rios que correm para o mar.
e dos corguinhos sem destino.
Dos altares, dos montes e das grunas.
Dos pássaros sem vôo,
e das rolinhas bandoleiras.
[...]

              4   Cora Coralina
CORALINA, Cora. Meu Livro de Cordel. 7ª Ed. São Paulo: Global editora,1996.

Sensibilização POÉTICA
1. Vamos lidar um pouco mais com as palavras dos poemas.
Na criação do poema, há o que nos pensamos, sentimos, queremos e conseguimos dizer. Junto, há a maneira de distribuir esse dizer pelo espaço, através dos cortes de versos e da separação das estrofes.
a) Formem grupos e juntem as carteiras. Cortem tiras de papel, mais ou menos da mesma largura, e copiem cada palavra do poema em uma tira.
b) Montem a poesia sobre as carteiras, com as tiras, como ela foi escrita. Depois...transformem o poema, trocando as palavras de lugar. Vocês podem trocar dentro da própria estrofe ou pelos poemas.
2. Vamos misturar palavras dos poemas. Escreva no caderno, na ordem indicada, cada grupo de palavras em uma linha:
- um substantivo do poema 1; um adjetivo do 2; um verbo do 3:
- um substantivo do poema 2; um adjetivo do 3; um verbo do 1:
- um substantivo do poema 3; um adjetivo do 2; um verbo do 4:
3. Construa uma frase poética com cada grupo de palavras, acrescentando outras palavras que achar necessárias. Seu vizinho achou que suas frases são poéticas?

CRIAÇÃO: Agora, elabore um poema de Cordel: estrofes com quatro versos.  
Para uma poesia ser considerada Literatura de Cordel, as características fundamentais são: simplicidade, conter uma história e, geralmente, rimas nas estrofes contendo a musicalidade poética.
1. Um tema tradicional: escola, a estrutura em quadras e versos ABAB.
2. Qual estilo de linguagem: irônico, elogioso, sério, denunciador, declamatório, metafórico, personificação.
2. Há no poema: a situação de equilíbrio inicial, o conflito que se desenvolve e o equilíbrio final? Há coerência no enredo poético?
3. Faça uma representação do tema ou do(s) personagem(ns) através de imagens.
4. Copie seu poema em um papel grande e pendure na classe...ou em casa. Mas, antes disso, mostre para o colega ao lado. E leia para a classe, se quiser.

MÓDULO I – O Cordel

Muitos historiadores e antropólogos estudam este tipo de literatura com o objetivo de buscarem informações preciosas sobre a cultura e a história de uma época. Em meio à ficção, resgatam-se dados sobre vestimentas, crenças, comportamentos, objetos, linguagem, arquitetura, etc. 
(http://www.suapesquisa.com/cordel, ac. 10 de out. 2012). 

Vídeo: Cordel. Literatura de Cordel, tipo de poesia popular, originalmente oral, impressa em folhetos rústicos, expostos para venda e pendurados em cordas ou cordéis. 
Disp. http://youtu.be/dd3IskH6LNU, 11 out. 2012.

Para aprender sobre a origem do cordel, você vai ler algumas estrofes do cordelista e poeta Rodolfo Coelho Cavalcante. De acordo com o poema explore os aspectos do Gênero Cordel (sócio-história, literário, contexto de produção e circulação).

Ø  O que é literatura de cordel?
Ø  De onde vem a palavra cordel?
Ø  Por que o poema diferencia cordel de cordel-literatura?
Ø  Quais características do cordel brasileiro você identificou no poema?
Ø  O poema que você leu está versificado em sextilhas ou setilhas?
Ø  Por que o eu lírico afirma que “não vale cordel em prosa”?
Ø  O cordel legítimo é comparado ao jornal. Por que isso acontece, levando em consideração suas visitas a sites e discussões anteriores?
Ø  Na literatura, como o cordel é contextualizado?

Origem da literatura de cordel e sua expressão de cultura nas letras de nosso país
Cordel quer dizer barbante
Ou senão mesmo cordão,
Mas cordel-literatura
É a real expressão
Como fonte de cultura
Ou melhor poesia pura
Dos poetas do sertão.
Na França, também Espanha
Era nas bancas vendida,
Que fosse em prosa ou em verso
Por ser a mais preferida,
Com o seu preço popular
Poderia se encontrar
Nas esquinas da avenida.
[...]
No Brasil é diferente
O cordel-literatura
Tem que ser todo rimado
Com sua própria estrutura
Versificado em sextilhas
Ou senão em setilhas
Com a métrica mais pura.
Neste estilo o vate escreve
Em forma de narração
Fatos, romances, histórias
De realismo, ficção;
Não vale cordel em prosa,
E em décima na glosa
Se verseja no sertão.[...]
O cordel é dividido
Escrito, cantado, oral,
Porém o cordel legítimo
É aquele tipo jornal,
Que trazia a notícia nova
Em sextilhas, nunca em trova
Que agrada o pessoal.
O cordel sendo cultura
Hoje tem sua tradição,
Chamado literatura
Veículo de educação
Retrata histórias passadas
Que estão documentadas
Para toda geração.



Vate: poeta.

Glosa: composição
poética de dez versos
(décima), na qual se
inclui o tema de um
ou de dois versos.

Trova: composição
literária formada
de quatro versos
setissílabos rimados




CAVALCANTE, Rodolfo Coelho. Cordel.
São Paulo: Hedra, 2003, p. 37-45.

O termo cordel vem do provençal, significa cordão. Na Europa, nosso berço literário, Cordel era tudo que ia para a corda: livretos com orações, contos, quadrinhos, etc.. É no Brasil, precisamente no Nordeste, que a Literatura de Cordel ganha à conotação de narrativa em versos, além de outras conotações, como a de jornal, a de revista; é uma atividade artística de contar histórias com valores morais. Os folhetos poéticos ficam pendurados por cordões, expostos em uma pequena mala ou espalhados sobre uma lona para exposição nas feiras culturais. Leandro Gomes de Barros e Atayde são dois dentre os primeiros poetas. Esses trovadores, geralmente, quando declamam são acompanhados por uma viola e/ou sanfona. São narrativas em versos sobre temas do cotidiano, fatos que são notícias e fictícios.
BAHIA. Secretaria da Cultura e Turismo. Coordenação de Cultura. Antologia baiana de literatura de cordel. Salvador: A Secretaria, 1997.

Lampião uma história inglória
Amigos tomem assento
Nessa roda de cordel
Que vou cantar um lamento
Um pouco de mel e fel.
Vou falar de um brasileiro
Em Vila Bela nascido
Que tornou-se cangaceiro
Arrojado e destemido. [...]

Veio ao mundo um menino
De José e de Maria
Foi chamado Virgolino
Oito irmãos ele teria. [...]
Cedo parou de estudar.
Pra ajudar no sustento
Foi para o pasto aboiar,
Pra garantir o alimento.
Foram Antonio e Levino
Dois de seus oito manos
Que mudaram o destino
E criaram novos planos.
Envolveram-se em brigas
Por marcações de terrenos
E muitas outras intrigas
Outros conflitos pequenos. [...]
Virou um temido bandido
Lá pras bandas do Nordeste
Vivia sempre escondido
Num sofrimento inconteste.

Em Juazeiro do Norte
Chamado por Padim Ciço
Pensou que mudaria a sorte
Com valoroso serviço.

Levou uma reprimenda
Pelo seu mau proceder
E teve por encomenda
No interior combater. [...]
Bandeou-se pra Bahia,
Sergipe e Alagoas.
Lá teve melhores dias
Aquela área era boa.
Por lá um dia ele vem
Conhecer Maria Bonita
Maria Déia Nenén
Numa paixão infinita. [...]

Mais tarde, Maria Bonita,
Com Lampião por parteiro
Deu à luz Expedita
Embaixo de um imbuzeiro. [...]

A criança foi deixada
Com um fiel guardião
E seguiu sua jornada
O bando de Lampião. [...]

Lampião em sua roda
Desenhava o figurino.
Ele ditava a moda
Criando modelos finos. [...]
Lampião era uma lenda
Até uma madrugada
Quando estava na fazenda
De nome Angicos chamada.

Chegou, então, a volante
Eu um proceder perfeito.
Devagar e num instante
O estrago estava feito. [...]
As cabeças arrancadas
Do bando de Lampião
Correram o mundo mostradas
Numa vil exposição,
Agora, meu bom amigo,
Eu peço sua atenção
E que reflita comigo
Em delicada questão.
Lampião não era santo,
Ao menos pelo que sei
Mas convenha, no entanto,
Que pra isso existe a lei.
O proceder da volante
Foi coisa de carniceiro.
Atitude revoltante
Pior que a dos cangaceiros.
Josafá M. Costa, R.J. Disp: http:// www.mundojovem.com.br/poesias-poemas/cordel. Ac.: 09/10/12


Poema escrito para ser facilmente memorizado, cantado e recitado em praças, feiras e comunidades locais, o cordel mantém forte relação com as narrativas orais, por isso é comum uma função social educativa e de formação: ensinamento, aconselhamento, moral.

A)   Qual é o tema desse poema? Por que identificamos esse poema como atual?
B)   Os personagens desse poema são conhecidos em outro campo do conhecimento. Qual?
C)   Como o poeta se apresenta no texto do cordel? O que ele se dispõe a fazer?
D)   Que relação social o texto dá a entender? Destaque passagens do texto que justifique a sua resposta.
O cordel conta uma história e os fatos foram expostos de modo a se reconstruir o fio narrativo. Diferente do gênero notícia, cujo jornalista procura se manter imparcial aos fatos; no poema, há expressões que mostram o posicionamento do eu lírico perante os fatos narrados.

E)   Retire versos que revelem a opinião que o eu lírico tem de Lampião. A caracterização do herói na narrativa de cordel: perfil social e cultural.

MÓDULO II - Conteúdo Temático do Gênero Cordel

Os temas são variados, desde narrativas tradicionais transmitidas pelo povo oralmente: aventuras, histórias de amor, humor, crítica social, universo sertanejo até ficção – causos maravilhosos, pessoas famosas, e o folheto de caráter jornalístico, modificando-o para torná-lo divertido. É um gênero intermediário entre a oralidade e a escrita, faz uma espécie de ponte entre a cultura popular e a literatura. Portanto, dialoga (presença de intertextualidade) com temas e discursos presentes em outras obras da literatura universal. Remete a passagens bíblicas, lutas e conflitos entre o bem e o mal, em que o bem sempre vence.

  1. Como outras artes influenciam o cordel?
  2. Como o cordel influencia as outras artes?
  3. Quais são os temas abordados nos poemas. Identifique-os de acordo com os títulos dos poemas?
  4. Qual cordel chamou mais a sua atenção? Por quê?
  5. Quais elementos mais comuns estão presentes nos cordéis?
  6. Nos poemas narrativos uma ação desencadeia conflitos, identifique-os?
  1. O Jeca Tatu de Monteiro Lobato --- Medeiros Braga
Eu vou recontar em versos
O que Lobato contou
No seu livro “URUPÊS”
No qual se imortalizou
Ao externar seu talento
No Jeca que projetou.

Essa obra foi escrita
No início do século vinte,
Há mais de noventa anos
E, assim, por conseguinte,
Só se escrevia ao agrado
Das elites de requinte.

Abriu Monteiro Lobato
Na nossa literatura
A trilha e a caminhada
Para uma nova cultura
Onde o homem fosse alvo
Da melhor propositura.[...]

Quando a princesa Izabel
A abolição assinala
Sonorizando os tambores
Pelo quilombo e senzala,
Jeca Tatu só “magina”,
Coça a cabeça e não fala; [...]

A casa é toda de taipa,
Feita de vara e estaca
A pique e barro pastoso
Nessa armação se ensaca
Tornando a parede sólida,
Nem tão forte, nem tão fraca.[...]

Se nada disso resolve
Dentro do tempo esperado
Se busca o São Benedito,
O seu poder defumado,
As águas bentas e o rabo
De tatu tão consagrado. [...]

Com a roupa do casamento
E os sapatos já sem cor
Sai mancando pra pegar,
Com o mais ingênuo fervor
Junto a seu chefe político,
Seu diploma de eleitor.

Votando, não sabe em quem,
Encerra a destinação,
Devolve o diploma ao chefe,
Recebe um aperto de mão
E a lembrança da promessa
Pra bem depois da eleição.

Porém, todo sentimento
De pátria é desconhecido,
Nação, povo solidário,
Pra Jeca não faz sentido...
E se atacado o país
Não toma nenhum partido.[...]

É esse o Jeca Tatu
Que de face enternecida
Não canta, não ri, não ama,
Não fala de voz erguida,
Nem consegue viver bem
No meio de tanta vida.

Mas, pra Monteiro Lobato,
Jeca Tatu foi, então,
O resultado grotesco
Do modelo de gestão
Que se implantou no país
Mas, jamais, por opção.[...]

Então o grande escritor
Compenetrado, por fim,
Ao analisar os dois lados
Do Jeca, o bom e o ruim,
Concluiu que o caboclo
“Não é assim, está assim.”

Sem ter receios de errar
Sob este teto de anil,
Digo com convicção
Que, retratado o perfil,
O infeliz Jeca Tatu
Tem a cara do Brasil.

Brasil que grassa apático
Pelo seu braço cruzado,
Brasil caboclo onde sofre
Um povo hospitalizado,
Brasil análfa que vota
Subserviente e errado.

Esse imenso contingente
De jecas, sempre atuais,
Encurralados, sofrendo,
As mazelas sociais
Estão nas filas de emprego
Ou nos leitos de hospitais.
Disponível: http://www.rnsites.com.br/cordeis.htm, acesso em 12 de out. De 2012.

O ator Amácio Mazzaropi encarnou a figura do “Jeca Tatu” inspirado na obra de Monteiro Lobato “URUPÊS” - além da intertextualidade para o cinema também revelou e valorizou o vocabulário simples dos caipiras do Brasil.

B.   ABC da saudade -  Luiz da Costa Pinheiro
Ausente de ti querida
Que
alegria posso ter
Quanto mais tempo se passa
Suspiro por não ti ver
Tanto tem a tua ausência
Como tem meu padecer

Basta dizer-te que vivo
Nesta cruel solidão
Me lembrando do momento
De nossa separação
Sentindo uma atroz saudade
Dentro do meu coração
Constante sempre serei
Nesta vida até a morte
Pedindo a Deus paciência
Para cumprir esta
sorte
Fora de ti mais ninguém
Eu não quero por consorte. [...]
Zombar não zombo de ti
Porque te tenho paixão
Nas letras deste A B C
Te dei minha explicação
Te ofereço meu amor
Guardas no teu coração
http://arteeducacao.pro.br/cultura/cordel, acesso em 11 de out. 2012.

  1. A Moça que Bateu na Mãe e Virou Cachorra - Rodolfo Coelho Cavalcante
Vou contar mais um exemplo
Dentro da realidade
Pois toda alma descrente
Vive na obscuridade
Tem um vácuo coração
Condena a religião
Com toda incredulidade.

Antes um ateu sincero
Do que um mau religioso
Tem muita gente que vive
Zombando do Poderoso
E assim a profanar
Começa de Deus zombar
Termina sempre inditoso. [...]

Helena de vez em quando
Dava surra na mãe dela,
Quando a velha reclamava
Um qualquer malfeito, ela
Com isso se aborrecia,
Na pobre velha batia
Até que virou cadela.

Era u’a sexta-feira Santa,
Conhecida da Paixão,
Helena disse a mãe dela:
-Quero me virar num cão
Se esta tal de Sexta-Feira
Da Paixão, não é besteira
Da nossa religião. [...]
Uma rajada de vento
Passou feito um furacão,
Um raio caiu bem perto
Com o ribombar do trovão
A terra toda tremeu:
Logo o sol apareceu
Dois segundos na amplidão. [...]

Tinha a cabeça de gente
Com a mesma feição dela,
Mas o corpo até a cauda
Era uma horrível cadela...
Foi Helena castigada
Uma filha amaldiçoada
O castigo pegou nela. [...]

Contou-me um tio da moça
Que essa história é patente
Fica um exemplo para outras
Se mirarem em sua frente...
Quem uma mãe não respeita
A pessoa está sujeita
A sofrer amargamente.

A toda moça aconselho:
-Tenha juízo bastante,
“Uma mãe é pra cem filhos”...
Diz o adágio importante,
Zombar de mãe é espeto
Quem escreveu o folheto
Foi RODOLFO
 http://arteeducacao.pro.br/cultura/cordel, acesso em 11 de out. 2012.
A temática do cordel tem uma função social de ensinamento, aconselhamento e transmissão de sabedoria popular.

  1. O Casamento do Macaco com a Onça - Autor: Rodolfo Coelho Cavalcante
Antigamente os bichos
Um com outro conversava
Semelhante aos homens
Dia e noite trabalhava,
 E em questão de comércio
Cada qual negociava.

O Macaco, por exemplo,
Negociava com banana,
Raposa vendia aves
Sempre no fim de semana,
O Rato vendia queijo
E Guará vendia cana.[...]

O Macaco com a Raposa
Viviam um pouco intrigados
Devido que no passado
Tinham sido namorados,
Agora Macaco e Onça
Andavam muito chegados.[...]
No dia do casamento
Quase toda bicharada
Foram para casa da Onça
Que a festa estava animada,
Até a Cachorra foi
Mesmo sem ser convidada. [...]

Burro prendeu o Macaco
Por ordem do Rei Leão,
E o Cachorro foi preso
Pra deixar de ser brigão,
Os bichos se revoltaram
Foi aquela confusão. [...]

Esse fato aconteceu
Antes do homem viver
Mas os bichos como os homens
Tinham o mesmo proceder,
Quem me contou essa história
Inda está para nascer.
BAHIA. Secretaria da Cultura e Turismo. Coordenação de Cultura. Antologia baiana de literatura de cordel. Salvador: A Secretaria, 1997, p. 41, 42, 43, 44 e 45.

O cordel, tradicionalmente, conta uma história que costumam narrar às dificuldades e sofrimentos de um herói que, ao final, triunfa e será recompensado.

MÓDULO III - Estrutura Composicional

Analisando a estrutura poética da Literatura de Cordel
A Escansão Poética nas Sextilhas
Quanto à forma, apresenta características do gênero poético, com rima, métrica e disposição das informações em verso. No Brasil, a produção poética mais utilizada é a redondilha maior, ou seja, o verso de sete sílabas poéticas (versos setissílabos). A estrofe mais comum é a de seis versos, chamada sextilha. E o esquema de rimas mais comum é ABCBDB. O cordelista produz uma poesia para ser recitada em voz alta. Por essa razão, o texto é escrito em versos, com estrofes, métrica e rimas constantes, com o objetivo de torná-lo fácil de memorizar. Apresenta uma situação de equilíbrio, desenvolve um conflito e termina restaurando o equilíbrio, ou seja, uma estrutura de narração cíclica. Uso de acrósticos, o diálogo com o leitor e/ou ouvinte no início ou no final da narrativa. Há estruturas composicionais diversas: peleja, ABC (trecho do cordel: ABC da saudadeLuiz da Costa Pinheiro). Disponível em: http://www.ablc.com.br/, acesso em 10 de out. 2012.

LUIZ GONZAGA - BIOGRAFIA EM CORDEL- Altair Leal


Com tijolos ou paus se faz uma casa. Na construção do poema, muitas vezes com versos repetidos ou semelhantes, falam as palavras.


Peço licença aos poetas
Pra falar de um nordestino
O grande Luiz Gonzaga
Que cantar foi seu destino
Fez de sua “Asa Branca”
Para o nosso povo, um hino.
Todo nordestino sente
Orgulho deste senhor
Traduziu como ninguém
Do nordeste seu valor
Com a sanfona e seu gibão
Foi o nosso cantador
Nascido no ano doze
Treze de dezembro o dia
Na Serra do Araripe
Teve festa e alegria
Na Fazenda Caiçara
Seu Januário sorria.

1. Você observou que há rimas. Represente-os no caderno, deste modo:
a) No lugar de cada verso com rimas, desenhe o sinal O.
b) No lugar dos demais versos, desenhe o sinal ____.
Registre cada sinal em uma linha; Pule uma linha na mudança das estrofes
Confira com o seu colega ao lado.
c) Agora, escreva em seu caderno, em numeral ordinal, quais são os versos com rimas em cada poema.
d) Por que você acha que os poetas usaram essas rimas? O que acham os colegas?

O Jeca Tatu de Monteiro Lobato --- Medeiros Braga
Eu vou recontar em versos
O que Lobato contou
No seu livro “URUPÊS”
No qual se imortalizou
Ao externar seu talento
No Jeca que projetou.
Essa obra foi escrita
No início do século vinte,
Há mais de noventa anos
E, assim, por conseguinte,
Só se escrevia ao agrado
Das elites de requinte.
Abriu Monteiro Lobato
Na nossa literatura
A trilha e a caminhada
Para uma nova cultura
Onde o homem fosse alvo
Da melhor propositura.

Para transformar a história do personagem de Monteiro Lobaro, Jeca Tatu, em cordel, o poeta cordelista trabalhou com a organização do texto em versos e com as rimas constantes para dar um ritmo especial à história. Sublinhe as rimas das três estrofes e anote o que você observou sobre elas. Há musicalidade?

VAGALUME (cordel infantil)

Maria Hilda de Jesus Alão - retirado http://www.recantodasletras.com.br/, 10/10/12

Vagalume acende a luz              
Parece estrela a voar
Criança corre atrás dela
Com vontade de pegar.


Voa, voa vagalume
Com a luzinha a brilhar
Ilumina essa menina
Que não cansa de sonhar.

Se eu pudesse mudar
Queria ser vagalume
Para o mundo iluminar
Com o clarão do meu lume,
Voa, voa vagalume!

Cada um desses poemas possui uma força diferente de expressão. Para conseguirem isso, os poetas utilizaram alguns recursos de linguagem: a rima e a beleza das frases poéticas. A forma em verso, em geral, facilita a memorização das formas literárias de tradição oral. Ligada à situação sociocomunicativa, constitui uma marca histórica desse gênero.
A)   O que o poeta se dispõe a fazer no texto do cordel?
B)   Qual o esquema de rimas?
1. Você vai trabalhar agora com quatro palavras de quatro letras retirados do poema.
a) Escreva cada palavra na forma vertical como um acróstico, use rimas. Observe que um poema não se faz simplesmente juntando estrofes soltas. Ele precisa ter uma coerência.

Setilhas: Pela beleza rítmica que essas estrofes oferecem ao declamador, os grandes poetas não conseguiram fugir à tentação de produzi-las.

A Chegada De Lampião No Inferno -  José Pacheco da Rocha
Vamos tratar da chegada
quando Lampião bateu
um moleque ainda moço
no portão apareceu.
- Quem é você, Cavalheiro -
- Moleque, sou cangaceiro -
Lampião lhe respondeu.
- Não senhor - Satanás, disse
vá dizer que vá embora
só me chega gente ruim
eu ando muito caipora
e já estou com vontade
de mandar mais da metade
dos que tem aqui pra fora.
Moleque não, sou vigia
e não sou o seu parceiro
e você aqui não entra
sem dizer quem é primeiro
- Moleque, abra o portão
saiba que sou Lampião
assombro do mundo inteiro.

Esse cordel apresenta algumas características peculiares ao gênero.
  1. De quantos versos se compõe cada estrofe? Quantas sílabas há em cada verso? Qual é o esquema de rimas nas setilhas?
  2. Escreva, com suas palavras, o tema de que trata o poema.
  3. Como o poeta chama a atenção do leitor no texto do cordel?
Conclusão: Percebeu que nas sextilhas o esquema de rimas é_______________ e nas setilhas o esquema de rimas_________________.

Diga Deus Onipotente
Se é você, realmente
Que autoriza, que consente
No meu sertão tanta dor
Se o povo imerso no lodo
apregoa com denodo
que seu coração é todo
De luz, de paz e de amor.
Oito pés de quadrão ou Oitavas: Os oito pés de quadrão, ou simplesmente oitavas, são estrofes de oito versos de sete sílabas. Na estrofe popular aparecem os primeiros três versos rimados entre si; também o quinto, o sexto e o sétimo, e finalmente o quarto com o último, não havendo, portanto um único verso órfão.
  1. Faça o esquema de rimas no próprio poema de cordel. E, recite o poema.
  2. Também no próximo, as décimas.
Eram doze cavalheiros
Homens muito valorosos
Destemidos, corajosos
Entre todos os Guerreiros
Como bem fosse Oliveiros
um dos pares de fiança
Que sua perseverança
Venceu todos os infiéis
Eram uns leões cruéis
Os doze pares de França.
Décimas - As décimas, dez versos de sete sílabas, são as mais usadas pelos poetas de bancada e pelos repentistas. Esta modalidade só perde para as sextilhas, especialmente escolhidas para narrativas de longo fôlego. Ainda assim, entre muitos exemplos, as décimas foram escolhidas por Leandro Gomes de Barros para compor o longo poema épico de cavalaria A Batalha De Oliveiros Com Ferrabraz, baseado na obra do imperador francês Carlos Magno. http://www.ablc.com.br/



A XILOGRAVURA
Os textos são publicados em livretos fabricados praticamente de forma manual pelo próprio autor. Eles têm geralmente 8 páginas mas podem ter mais, variando entre 16, 32 e 64. As páginas medem 11x16cm e são comercializadas pelos próprios autores. As imagens de capa dos livretos, geralmente xilogravuras artesanais, costumam ser uma marca característica do cordel, pois apontam claramente para a temática. Os livretos de cordel utilizam material barato, seu papel é de jornal e as capas são desenhadas com matrizes xilográficas. A xilogravura, geralmente, é feita das cascas de cajá ou Umburana. Vídeo a produção de Xilogravuras. Disp.http://youtu.be/lXkKOI3z0V8, ac.11/10/12.

Foi possível perceber a diversidade temática dos folhetos? Quais chamaram mais sua atenção? Por quê?



MÓDULO IV - O Estilo – A Linguagem

Isolar palavras ou grupos de palavras, repetir palavras ou grupos de palavras e distribuir esses elementos no espaço reforçam a mensagem do poema.
Uma característica do cordel é o emprego de palavras e expressões da linguagem popular falada – com seleção de palavras simples que são compreendidas pelo público a que se destina o poema. Ao ler os folhetos, encontramos a linguagem popular que se aproxima dos usos locais da oralidade, facilitando assim a própria memorização para quem recita e para quem ouve as narrativas.
Outra característica é o uso de recursos textuais como o exagero, os mitos, as lendas, e atualmente o uso de ironia ou sarcasmo para fazer críticas sociais ou políticas. Usar uma imagem estereotipada como personagem também é muito comum, há também cordéis que falam de amor, relacionamentos pessoais, profissionais, cotidiano, personalidades públicas, empresas, cidades, regiões, etc. Na maioria das vezes usam várias técnicas de persuasão e convencimento para que o leitor acate a ideia proposta. O tom poderá ser humorístico, de crítica social, elogioso, de informação, de formação moral etc.

BRASIL: A Cultura de um Povo - OS Traços Linguísticos
  
 Ai! Se sêsse!…
Autor: Zé da Luz

Se um dia nós se gostasse;
Se um dia nós se queresse;
Se nós dois se impariásse,
Se juntinho nós dois vivesse!
Se juntinho nós dois morasse
Se juntinho nós dois drumisse;
Se juntinho nós dois morresse!
Se pro céu nós assubisse?
Mas porém, se acontecesse
qui São Pêdo não abrisse
as portas do céu e fosse,
te dizê quarqué toulíce?
E se eu me arriminasse
e tu cum insistisse,
prá qui eu me arrezorvesse
e a minha faca puxasse,
e o buxo do céu furasse?…
Tarvez qui nós dois ficasse
tarvez qui nós dois caísse
e o céu furado arriasse
e as virge tôdas fugisse!!!   

                      FIM
A repetição de consoantes ao longo do poema é conhecida como aliteração é uma figura de harmonia da linguagem.

O poeta Severino de Andrade Silva, mais conhecido como Zé da Luz, poeta, nasceu em 29 de março de 1904 em Itabaiana, região agreste da Paraíba, e faleceu em 123 de fevereiro de 1965 no Rio de Janeiro.

Vamos realizar um jogral!
Ai! Se sêsse!…



Turmas A B C D

SÃO PAULO. Cadernos de apoio e aprendizagem: Língua Portuguesa/ Programas: Ler e escrever e Orientações curriculares. Livro do Professor. Sétimo ano, São Paulo: Fundação Padre Anchieta, 2010.


É fundamental reconhecermos as variedades linguísticas de nosso país e o jogo de sonoridade que esses versos revelam ao ouvinte/leitor. Portanto, você sabe o que são traços linguísticos e/ou linguagem popular?
1. Por que motivo o autor optou por usar a linguagem dessa forma? Se a escrita tivesse sido feita a partir da norma padrão, o efeito de sentido do texto seria o mesmo? Por quê?
2. Nesse poema Ai! Se sêsse!…, há quantos versos? E possível perceber alguma semelhança sonora? O que o poeta provoca com tal uso da língua?
3. Alguns versos desse poema são acompanhados de ponto de exclamação (!), ponto de interrogação (?) e reticências (...). O que esses sinais de pontuação representam?
As escolhas linguísticas do poeta Zé da Luz mostram traços linguísticos característicos do português popular falado por vários brasileiros. O cordel transpõe a fala do nordestino para o registro escrito.  Aponte três aspectos que chamaram sua atenção.
4. Que ação desencadeia um conflito no poema narrativo? Como o eu lírico informa que resolveria tal questão?

Destaque linguístico: Vamos cantar!        ABC do Sertão         -          Luíz Gonzaga

Lá no meu sertão pros caboclo lê
Têm que aprender um outro ABC
O jota é ji, o éle é lê
O ésse é si, mas o érre
Tem nome de rê
O jota é ji, o éle é lê
O ésse é si, mas o érre
Tem nome de rê
Até o ypsilon lá é pissilone
O eme é mê, O ene é nê
O efe é fê, o gê chama-se guê
Na escola é engraçado ouvir-se tanto "ê"
A, bê, cê, dê,
Fê, guê, lê, mê,
Nê, pê, quê, rê,
Tê, vê e zê
Lá no meu sertão pros caboclo lê
Têm que aprender outro ABC
O jota é ji, o éle é lê
O ésse é si, mas o érre
Tem nome de rê
O jota é ji, o éle é lê
O ésse é si, mas o érre
Tem nome de rê
Até o ypsilon lá é pissilone
O eme é mê, O ene é nê
O efe é fê, o gê chama-se guê
Na escola é engraçado ouvir-se tanto "ê"
A, bê, cê, dê,
Fê, guê, lê, mê,
Nê, pê, quê, rê,
Tê, vê e zê
Atenção que eu vou ensinar o ABC
A, bê, cê, dê, e
Fê, guê, agâ, i, ji,
ka, lê, mê, nê, o,
pê, quê, rê, ci
Tê, u, vê, xis, pissilone e Zé
Luiz Gonzaga/ Letras.mus.br. Disponível  em  www.letras.mus.br/luiz-gonzaga
Na linguagem da Literatura de Cordel é preciso respeitar o regionalismo e ter uma voz discursiva sobre os temas centrais do poema: política, economia, educação, religião, canções populares e provérbios. Os versos dialogam com o leitor é o poema de cordel conversando com o ouvinte. A dramatização é o indicador do repertório magnífico dessa arte popular e tão conhecida no nordeste brasileiro.
Desse modo, os traços característicos presentes nas estrofes da música de Luiz Gonzaga demonstram alguns aspectos do regionalismo que você estudou e identificou nos poemas de Cordel. A partir da experiência pessoal, na certa você vai poder “curtir” com outro sabor as poesias de cordel e tenha a certeza que estará muito mais próximo da cultura de seu país.

Finalizando...Vamos investigar a Literatura de Cordel

Procure poesias relacionadas à Literatura de Cordel e com a orientação do professor vocês farão um varal com poemas de cordel e, em seguida, com seus cordéis façam a dramatização poética para a turma! Partindo dessa pesquisa...responda
a)    Como os cordéis são divulgados?
b)    Por que esses textos levam o nome de Literatura de Cordel?
c)    Pense na linguagem do cordel: Qual a sua característica marcante?

Cordel de recepção  - Maria Alice Armelin
Amigos aqui presentes
Neste dia de alegria
Queiram sentar, tomem tento
Vai começar a folia
Sintam-se em pleno Nordeste
Sob a luz do meio-dia
Lendo e ouvindo cordel
Que é arte, graça e magia!
O que me aguarda hoje?
Faça sua conjectura
Um causo, lenda, verdade,
Verso de amor ou gastura,
Romance, ódio, paixão,
Vingança, amor, formosura,
Tudo cabe no cordel
E na roda de leitura.
SÃO PAULO. Cadernos de apoio e aprendizagem: Língua Portuguesa/ Programas: Ler e escrever e Orientações curriculares. Livro do Professor. Sétimo ano, São Paulo: Fundação Padre Anchieta, 2010.

Planejando seus passos, elaborem um poema de cordel com a turma: com título, presença de crítica social e seguindo esses passos...
I – Uma sentença inicial.
II – Indícios de desequilíbrio da situação inicial.
III – A constatação desse desequilíbrio.
IV- A tentativa de recuperar o equilíbrio do início.
V- A volta do equilíbrio inicial.

Para isso, no cordel:
1. Quem contará a história? Qual será o tema do cordel? Se for o universo sertanejo, houve preocupação em utilizar a variedade linguística de pessoas da região nordestina sem muito grau de escolaridade? Se for um tema da atualidade ou uma obra, foi explorado em várias de suas facetas?
2. E o eu lírico será do poeta ou do herói? Se for o herói como será? Haverá outras personagens e o papel delas no poema? Em que momento, aparecerão?
3. Produzirão um folheto com quantas estrofes? Na forma de ABC, planejem a estrutura composicional de seu cordel.
4. O tom, vocês darão a seu cordel: humorístico, de crítica social, elogioso, de informação, de formação moral etc. O que vocês precisarão fazer para que esse tom seja identificado pelo leitor nos versos? Há coerência no estilo de linguagem adotado (irônico, elogioso, sério, denunciador...)?

5. Os fatos foram expostos de modo a se reconstruir o fio narrativo da história? A métrica e as rimas estão adequadas para uma declamação do cordel? O texto está escrito de forma que possa ser bem memorizado pelo declamador?
6. Organizem na capa do folheto o título, o nome dos autores e a ilustração. Para confeccionar o folheto, dobrem ao meio folhas de papel sulfite. Lembrem-se de que as páginas devem compor um bloco, que pode ser grampeado para facilitar a leitura. Em cada página, escrevam uma ou duas estrofes para que o cordel fique bem organizado.



SÃO PAULO. Cadernos de apoio e aprendizagem: Língua Portuguesa/ Programas: Ler e escrever e Orientações curriculares. Livro do Professor. Sétimo ano, São Paulo: Fundação Padre Anchieta, 2010.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BAHIA. Secretaria da Cultura e Turismo. Coordenação de Cultura. Antologia baiana de literatura de cordel. Salvador: A Secretaria, 1997.

BERALDO, Alda. Trabalhando com Poesia. vol. 1 e 2. São Paulo: Ática, 1990.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Programa Gestão da Aprendizagem Escolar – Gestar II. Língua Portuguesa: Caderno de Teoria e Prática 3 – TP3: Gêneros e tipos textuais. Brasília, 2008.

BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: terceiro e quarto ciclos do ensino fundamental - Português. Brasília, DF, 1997.

CAVALCANTE, Rodolfo Coelho. Cordel. São Paulo: Hedra, 2003, pp. 37-45.

CORALINA, Cora. Meu Livro de Cordel. 7ª ed. São Paulo: Global editora, 1996.

COSTA, Adély et al. Oficina – Cordel: cultura popular na escola. Recife, 2002. Mimeografado.

DOLZ, J. M.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. Sequências didáticas para o oral e a escrita: Apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY, B.; DOLZ, J. M. et al. Gêneros orais e escritos na escola. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2004. pp. 95-128. Tradução e organização de R. H. R. Rojo e G. S. Cordeiro.

SÃO PAULO. Cadernos de apoio e aprendizagem: Língua Portuguesa/ Programas: Ler e escrever e Orientações curriculares. Livro do Professor. Sétimo ano, São Paulo: Fundação Padre Anchieta, 2010.

SITES E INTERAÇÃO ÁUDIO-VISUAL
ABLC - Academia Brasileira de Cordel. Academia Brasileira de Cordel, Literatura Brasileira, Literatura popular. Disponível em: <www.ablc.com.br.>. Acesso em 10 e 12 out. 2012.
CORA CORALINA. Disponível em: <www.e-biografias.net/cora_coralina>. Acesso em 12 out. 2012.
CORA CORALINA. Disponível em: <http://www.infoescola.com/literatura/cordel>. Acesso em 12 out. 2012.
CORDEL. Disponível em: <http://arteeducacao.pro.br/cultura/cordel>. Acesso em 11 out. 2012
CORDEL. Disponível em: <http://curtapoesia.blogspot.com.br/poesia-de-cordel>. Acesso em 12/10/ 12.
CORDEL. Disponível em: <http://www.mundojovem.com.br/poesias-poemas/cordel>. Acesso em: 09 out. 2012.
CORDEL. Disponível em: <http://www.rnsites.com.br/cordeis.htm>. Acesso em 12 de out. 2012.
CORDEL. Disponível em: <http://www.planetaeducacao.com.br>. Acesso em 12 out. 2012.
CORDEL. Disponível em: <http://www.recantodasletras.com.br>. Acesso em 10 out. 2012
CORDEL. Disponível em: <http://www.suapesquisa.com/cordel>. Acesso em 10 out. 2012

LUIZ GONZAGA/ letras.mus.br . Disponível em: <www.letras.mus.br/luiz-gonzaga>. Acesso em 10 out. 2012.

CORDEL. Literatura de Cordel é um tipo de poesia popular, originalmente oral, e depois impressa em folhetos rústicos ou outra qualidade de papel, expostos para venda pendurados em cordas ou cordéis. Disponível em
<http://youtu.be/dd3IskH6LNU>. Acesso em 11 out. 2012.

CORDEL. O Coronel e o Lobisomem. Disponível em

GLOBO RURAL. A Literatura de Cordel. Disponível em: <http://youtu.be/7DosjK6GSUQ>. Acesso em 12 out. 2012.


CORDEL. Xilogravuras. Disponível em: <http://youtu.be/lXkKOI3z0V8>. Acesso em 11 out. 2012.

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