terça-feira, 11 de junho de 2013

A Arte Poética

A Arte Poética

A esfera comunicativa Literária
Ao buscar um conhecimento, o ser humano observa o seu cotidiano e o transforma. A conexão do pensamento com a realidade floresce o mistério de criar palavras em um determinado contexto linguístico são as palavras perfeitas, palavras que emocionam a palavra mágica de Drummond (2012) em seu Discurso de primavera: “Certa palavra dorme na sombra de um livro raro./[...]É a senha da vida/ a senha do mundo./[...] Procuro sempre, e minha procura/ficará sendo/ minha palavra.” Esclarece Caretta (2008, p. 19):

Cada esfera da comunicação social constrói os seus gêneros tendo em vista as suas finalidades, logo os gêneros determinam o enunciado que reflete as condições de sua esfera discursiva. Segundo Bakhtin são três os elementos que definem o gênero: o conteúdo temático, o estilo e a forma composicional. Esses elementos relacionam-se intrinsecamente na constituição do enunciado, levando em conta a relação com os destinatários e com o discurso do “outro”.

“Penso, logo existo” de Descartes, filósofo francês, reside na compreensão da linguagem em determinado contexto de produção.  Chaui (2002, p. 66, grifo meu) explica que:

[...] O cristianismo, particularmente com Santo Agostinho, trouxe a ideia de que cada ser humano é uma pessoa. [...] Se somos pessoas, somos responsáveis por nossos atos e pensamentos. Nossa pessoa é a nossaconsciência, que é nossa alma dotada de vontade, imaginação, memória e inteligência.

Uma consciência cujas sementes da alma constroem os textos literários como esclarece Alves (2003, p. 27): “semear os sonhos de beleza que se encontram no nascedouro de um povo.”          

[...] Predomina, no discurso interior, o sentido sobre o significado das palavras: no plano intrapsicológico o indivíduo lida com a dimensão do significado que relaciona as palavras às vivencias afetivas e contextuais muito mais que ao seu aspecto objetivo e compartilhado. [...] As palavras desempenham um papel central não só no desenvolvimento do pensamento, mas também na evolução histórica da consciência como um todo. Uma palavra é um microcosmo da consciência humana. (VYGOTSKY, 1989, p. 132 apud OLIVEIRA, 1992, p. 82, 83).

Com o processo de internalização o indivíduo constrói o seu plano intrapsicológico, assimilando a cultura e construindo a sua identidade, um processo de desenvolvimento do plano interno da consciência. Através da escrita literária, o aluno apreende o sentido da realidade, pois é pela leitura que se desenvolve a capacidade de imaginar o contexto social vigente nos textos. 

Ler envolve diversos procedimentos e capacidades (perceptuais, práxicas,cognitivas, afetivas, sociais, discursivas, linguísticas), todas dependentes da situação e das finalidades de leitura, algumas delas denominadas, em algumas teorias de leitura, estratégias (cognitivas, metacognitivas). (ROJO, 2002, p. 02).

Por conseguinte, os gêneros são agrupados de acordo com a esfera de comunicação. 

Os gêneros textuais circulam em esferas comunicativas. Cada esfera da atividade humana (cotidiana, escolar, literária, científica, jornalística, publicitária etc.) possui um repertório de gêneros que ela constrói, em função de suas finalidades, orientando nossas ações de linguagem em cada uma delas. Há gêneros, por exemplo, que circulam na esfera religiosa (orações, hinários, certificado de batismo etc), mas não na esfera jurídica, em que vão circular outros gêneros (petição, depoimento, escritura, discurso de defersa e de acusação, sentença, certidão de nascimento etc.).  (MAHER e AMARAL VERAS, 2012, p. 03).

Uma esfera comunicativa nada mais é do que a construção do conhecimento através da compreensão leitora: “[...] um ato de cognição, de compreensão, que envolve conhecimento de mundo, conhecimento de práticas sociais e conhecimentos linguísticos muito além dos fonemas.” (ROJO, 2002, p. 03).

O discurso/texto é visto como conjunto de sentidos e apreciações de valor das pessoas e coisas do mundo, dependentes do lugar social do autor e do leitor e da situação de interação entre eles – finalidades da leitura e da produção do texto, esfera social de comunicação em que o ato da leitura se dá. Nesta vertente teórica, capacidades discursivas e linguísticas estão crucialmente envolvidas. (ROJO, 2004, p. 03, grifo meu).


Na esfera comunicativa literária circulam os seguintes gêneros textuais: poemas, contos, romances, crônicas, poemas visuais, fábulas, apólogos, lendas como parábolas presentes em livros didáticos e dispositivos digitais. O jogo de palavras, a pontuação que circunscreve a mensagem; o diálogo com o leitor como elucida Freire (1980, p. 07): “transformando a consciência ingênuo-transitiva para uma consciência crítica, através do diálogo.” Um diálogo intertextual que a esfera literatura cria e recria constantemente. Uma oportunidade para desenvolver a consciência mais científica dos fatos, desenvolver o lado epistemológico no educando. Como também afirma Alves (2003, p. 86): “Cientistas são aqueles que pescam no grande rio” e filosofando com Alves (2003, p. 22): “O pensamento é uma coisa existindo na imaginação antes de ela se tornar real. A mente é útero. A imaginação a fecunda. Forma-se um feto: pensamento. Aí ele nasce”. A arte de pensar. Nasce e está vivo no gênero poético da esfera literária, principalmente àquela poesia cujo arquétipo referencia o aspecto sócio-histórico de uma civilização: a arte de pensar poesia, a arte de produzir as Poesias e/ou Poesias de Cordel.


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