terça-feira, 11 de junho de 2013

Leitura e Percepção

Leitura e Percepção


O Universo Sociolinguístico

Scherre (2005) afirma de forma direta e clara que o preconceito linguístico é uma variação do preconceito social, e convida o leitor a sonhar com uma sociedade mais democrática e, no campo da linguagem, a reconhecer as variedades linguísticas. “Múltiplas línguas e múltiplas variedades de línguas podem ser oferecidas a todos nós, para que possamos ter a verdadeira escolha de nos tornarmos multilíngues, especialmente na arte de ouvir.” (SCHERRE, 2008 apud ABRAÇADO, 2008, p. 26). A autora ressalta a importância de uma escola de qualidade no processo educativo; aquela que reconhece e apresenta a seus alunos a variedade de línguas de nosso território brasileiro.


As variedades não padrão são aquelas usadas pelos falantes mais pobres e marginalizados da sociedade. Elas também apresentam variações geográficas e sociais. É por meio delas que são veiculados conteúdos de tradição oral. Não sofrem processos de regularização e de oficialização. São associadas às práticas de linguagem (orais ou escritas) de pouco prestígio social. (BENTES, 2012, p.11)

No livro, A Língua de Eulália, Bagno (1997, p.15, 16, 20) narra sobre o modo de falar da personagem Eulália, “que não é errado e sim diferente”, uma variedade não padrão e propõe uma atividade: “Quantas línguas se fala no Brasil?”. O narrador, através da personagem Irene, elucida por fim que o ser humano é único, portanto sua linguagem também reflete o seu mundo interior e exterior, neste caso “as variedades de gênero, socioeconômicas, etárias, de nível de instrução, urbanas, rurais e etc.” O autor retoma a ideia, questionando que a língua sofre mudanças com o tempo (mudança diacrônica) e varia no espaço (variação diatópica). Por esse motivo, a escola deve buscar desenvolver um olhar recíproco de compreensão e aceitação, com respeito ao que se julga diferente.
            Ressalta-se o papel do professor como profissional de ensino e a sua necessária percepção de que o aluno é uma pessoa portadora de conhecimento e está no processo de aprendizagem. Portanto, uma avaliação que considere a somatória de informações que o aluno já tenha sobre o conteúdo a ser estudado pode esclarecer sobre o que ensinar e para quem ensinar, ou seja, um diagnóstico para o professor conhecer o que o aluno já sabe sobre o conteúdo. “[...] “gramática internalizada" é um conjunto de regras naturais, construída intuitivamente no processo de aquisição da língua, daí a necessidade de o professor assumir uma visão descritiva [...]”. (AVELAR, 2012, p. 05).
            Scherre (2008 apud Abraçado 2008, p. 07) aponta uma consideração sobre a gramática mais moderna e reflexiva: “Afinal, entender e dominar conscientemente o que está por trás do uso da língua, no sentido estrutural do termo, e tão interessante e importante quanto dominar os mecanismos de leitura e de produção do texto escrito.”Neste caso, o protagonismo juvenil é fundamental no contexto escolar. Como elucidam Braga e Buzato (2012, p. 08) que:

Dada a especificidade das linguagens para cada meio, a remidiação ou a passagem de um texto de um meio para outro (oral para escrita, escrita no papel para a da tela), envolve sempre um processo de retextualização. Dominar as normas e entender as convenções de sentido que regem as diferentes semioses ou linguagens é necessário para sermos leitores e produtores críticos.



              Um universo com múltiplas variantes linguísticas enriquece o conhecimento do aluno e o capacita a exercer a cidadania. Com a capacidade de identificarem os gêneros e a situação de comunicação, os alunos podem exercer um domínio maior perante a realidade. Silva (2004, p. 13 apud Passarelli,1993) observa que: “Desenvolver atividades que propiciem não só a livre expressão, o confronto de ideias e a colaboração entre os estudantes, [...] permitam o aguçamento da observação e da interpretação das atitudes dos atores envolvidos”.  Por esse motivo, conclui-se que é necessária uma sequência didática efetivamente construtivista.













2 comentários:

  1. A palavra fala,
    a palavra diz,
    a palavra pensa em
    Leitura.
    Faça seu comentário e dê suas sugestões em nosso espaço.

    ResponderExcluir
  2. ELABORAÇÃO DO PROJETO ROSANGELA BARROS DE LIMA

    ResponderExcluir