terça-feira, 11 de junho de 2013

Organização da Sequência Didática

Situação de Aprendizagem

A organização da Sequência Didática

A organização da SD se baseou em uma macroestrutura, a proposta de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004[2001]). No modelo de SD indicado pelos autores, o trabalho está dividido em três momentos: Apresentação inicial (com uma primeira produção), módulos de ensino e, por fim, produção final. Efetuou-se a sua organização com quatro módulos, cujas atividades proporcionam um conhecimento articulado sobre o Gênero Cordel. A partir deste esquema, a produção final compreende uma avaliação somatória que demonstre a aprendizagem do gênero poemas de cordel dialogando com uma prática educacional construtivista.
A Sequência Didática apresentada neste TCC procurou demonstrar aos alunos elementos do surgimento do Cordel no Brasil. As atividades contemplaram o universo dos cordelistas, por meio da análise de elementos de produção, circulação e recepção do gênero, como também questões sobre estilo, metrificação e ritmo. A discussão proposta se estendeu sobre a xilogravura utilizada nas capas dos poemas de cordel, o que também colabora para que eles tenham um conhecimento mais amplo dessa produção cultural.
Na APRESENTAÇÃO DA SITUAÇÃO, promove-se uma roda de discussão sobre a Literatura de Cordel. Representativamente, com a figura do sanfoneiro, são expostas perguntas aos alunos a fim de instigar a construção do conhecimento no gênero Cordel. Diante do exposto, inicia-se a sequência didática com uma discussão sobre o gênero cordel e, posteriormente, um vídeo O Coronel e o lobisomem e outro sobre a Literatura de Cordel a fim de sensibilizar o educando no processo de aprendizagem sobre o gênero. Nessa diversidade cultural apresentada aos alunos, iniciam-se atividades com o poema de cordel de Patativa do Assaré: Filho de gato é gatinho e, uma sensibilização poética com trechos de Cora Coralina. Também, sucintamente, a biografia desses cordelistas. A PRIMEIRA PRODUÇÃO TEXTUAL resgata-se as características fundamentais do gênero cordel: conteúdo temático, finalidade de produção, estilo, enredo e estrutura poética, meio de circulação e a representação do tema por imagens.
No MÓDULO I, procura-se evidenciar “o aspecto sócio-histórico, o contexto de produção, circulação e a contextualização do cordel como literatura”. Os itens são abordados no poema de cordel de Rodolfo Coelho Cavalcante:Origem da literatura de cordel e sua expressão de cultura nas letras de nosso país. Resgatam-se a partir desse contexto outros aspectos que são norteadores sobre a história do gênero cordel e o seu contexto de produção e circulação na sociedade. Como também o poema de Josafá M. Costa: Lampião uma história inglória, cuja proposta é enfatizar ao aluno sobre a mensagem (histórica e/ou folclórica) nos poemas de cordel. O poeta articula e reconstrói o fio narrativo e o aluno percebe que diferente do gênero notícia há nos poemas presença do eu lírico do poeta.
No MÓDULO II, o foco é o “tema” no gênero Cordel. Os aspectos multissemióticos são demonstrados na produção do gênero promovendo a intertextualidade e interdiscursividade. A proposta é apresentar temas de narrativas tradicionais que envolvam histórias do cotidiano, do universo sertanejo, folclóricos como religiosos, cuja característica marcante é a luta contra o mal, em que o bem sempre vence. Os poemas selecionados são de Medeiros Braga: O Jeca Tatu de Monteiro Lobato, cujo fio narrativo em versos faz uma análise da obra Urupês de Monteiro Lobato sobre o personagem Jeca Tatu e, termina comparando com o perfil do brasileiro: um Jeca na hora de escolher o seu candidato eleitoral. Por fim, a contextualização do personagem Jeca Tatu da obraUrupês aos elementos de remidiação e ao processo de retextualização nos filmes de Mazzaropi. Outro poema, ABC da saudade de Luiz da Costa Pinheiro, apresenta a temática através das letras do alfabeto no primeiro verso de cada estrofe. Posteriormente, os poemas de Rodolfo Coelho Cavalcante: A Moça que Bateu na Mãe e Virou Cachorra O Casamento do Macaco com a Onça. São poemas de causos maravilhosos que têm como função social de ensinamento, aconselhamento e transmissão de sabedoria popular.
Na gestão de escrita de versos de cordel, o poeta utiliza várias estratégias para compor o poema em que transmite uma mensagem ou reflexão - um discurso que envolve leitor e escritor. No MÓDULO III, “a estrutura composicional” analisa-se a estrutura poética da Literatura de Cordel: escansão poética, principalmente, nas estrofes em sextilhas e o esquema de rimas mais comum ABCBDB também por análise as quadras, sextilhas, oitavas e décimas. Revela-se ao aluno que a forma do gênero cordel apresenta características do gênero poético em relação à rima, métrica e disposição das informações em verso a fim de tornar fácil a memorização do poema. A constituição do enredo apresenta uma situação de equilíbrio, desenvolve um conflito e termina restaurando o equilíbrio, ou seja, uma estrutura de narração cíclica. Os poemas elencados nessa unidade: Biografia em Cordel de Luiz Gonzaga de Altair Leal; um trecho do poemaJeca Tatu de Monteiro Lobato de Medeiros Braga; Vagalume – cordel infantil de Maria Hilda de Jesus Alão como também A chegada de lampião no Inferno de José Pacheco da Rocha para ilustrarem o ritmo musical das rimas e a situação sociocomunicativa do gênero. Por fim, os aspectos gerais que envolvem a confecção de xilogravuras; marca característica do cordel, pois apontam claramente para a temática.
No MÓDULO IV, “o estilo” é uma característica do cordel que emprega palavras e expressões da linguagem popular e são compreendidas pelo público a que se destina o poema. Ao ler os folhetos, encontramos a linguagem popular que se aproxima dos usos locais da oralidade, facilitando assim a própria memorização para quem recita e para quem ouve as narrativas. Outra característica do gênero cordel é uso de recursos textuais – técnicas de persuasão e convencimento para que o leitor acate a ideia proposta. O tom poderá ser humorístico, de crítica social, elogioso, de informação, de formação moral. O poema selecionado: Ai! Se sêsse!... de Zé da Luz que trabalha com a aliteração e as variedades linguísticas. Por fim, o destaque linguístico – a canção ABC do Sertão de Luiz Gonzaga para aproximar o aluno à oralidade contida no Gênero Cordel.
A PRODUÇÃO FINAL propõe-se o estabelecimento de metas para a proposta de produção do Gênero Cordel e apresentação final. Com o procedimento sequência didática de Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004[2001]), o aluno é capaz de articular os aspectos da Literatura de Cordel, pesquisar os poemas de cordel e, assim refazer uma nova construção de conhecimento sobre o gênero cordel. Uma elaboração mais contextualizada das características que envolvem o gênero, principalmente os principais passos na construção do cordel: uma sentença inicial; indícios de desequilíbrio da situação inicial; a constatação desse desequilíbrio; a tentativa de recuperar o equilíbrio do início; a volta do equilíbrio inicial. Deste modo, direciona-se o pensar do aluno para o tema, a finalidade, o eu lírico, a situação sociocomunicativa, a variedade linguística, o tom, o estilo de linguagem, a forma composicional, a técnica de memorização, a ilustração e finalmente, a organização do folheto para a exposição cultural. Com o exposto, demonstram-se atividades que valorize a construção do conhecimento.





As atividades propostas em cada unidade de trabalho
Nas atividades da Apresentação Inicial, perguntas de conhecimentos gerais para verificar o que os alunos já sabem sobre o gênero cordel: origem, contexto de produção, estilo e finalidade. Após a discussão inicial, apresentação de vídeos sobre Literatura de Cordel para situar o aluno ao contexto de situação e produção assim desenvolver uma nova discussão sobre o gênero. Após as informações iniciais, o aluno tem outra atividade: analisar o que é cordel lírico-narrativo (a situação de equilíbrio, o conflito e a restauração do equilíbrio), o seu tema e a finalidade. Em seguida, as características poéticas presentes no gênero. O desafio é apresentar propostas de ensino que interajam e se articulem de modo a contribuir para o desenvolvimento saudável do aluno como ser pensante e atuante. Esclarece Silva (2004) que é necessário desenvolver atividades para despertar a percepção sobre a realidade que o cerca e observar, compreensivelmente, os fenômenos sociais. Acrescenta Zoppi-Fontana (2012) que o tema, a construção composicional e o estilo sofrem mudanças diacrônicas e os gêneros discursivos são afetados por essas mudanças. Braga e Buzato (2012) explica a necessidade de levantar o que os alunos já sabem sobre o gênero a fim de observarem o gênero estudado, suas características e compreenderem a situação de produção.
Em outra atividade designada como “sensibilização poética”, o aluno articula seus conhecimentos sobre poesia (estrofes, versos, rimas) para abranger no gênero cordel. Depois, propôs-se a primeira produção para avaliar o que já sabem sobre o gênero cordel. Os alunos compreendem os elementos gerais do gênero cordel: tema, estilo, enredo poético, representação por imagens e elaboram um poema. O tema é do próprio universo estudantil: escola; solicita-se uma estrutura mais simples em quadras ABAB; a escolha do estilo de linguagem (irônico, elogioso, sério, denunciador, declamatório, metafórico, personificação) e a identificação da situação de equilíbrio inicial, o conflito que se desenvolve e o equilíbrio final no enredo poético. O objetivo é o aluno compreender a realidade pela observação e circunscrever os dados obtidos. Argumenta Braga e Buzato (2012) que somos seres sociais e precisamos da linguagem para viver em sociedade. Rojo (2004) explica que precisamos conhecer o mundo, a sociedade e suas linguagens. Marcuschi (2010) esclarece sobre a importância da produção textual e pressupõe que o sujeito, no caso o aluno um observador de sua realidade cultural e produtor textual. Para Avelar (2012), a escola precisa conduzir o aluno à compreensão do que é a linguagem e o habilitando a se expressar em diferentes níveis. Elucida Freire (1980), sobre uma educação libertadora e participativa dos processos sociais e culturais.
No Módulo I, o aluno busca informações sobre a história e o desenvolvimento literário do gênero cordel através do poema que narra à origem do cordel. As atividades salientam os aspectos históricos e a diferença do cordel de cordel-literatura. Também se inicia a metrificação para sensibilizar o aluno na narrativa em versos e o porquê é fonte de informação popular. Houve em outra atividade o enfoque no eu lírico, ou seja, como o poeta se apresenta na poesia e, a figura do herói no cordel.  Por meio do poema, o aluno compreende a literatura do cordel e a sua função na sociedade sertaneja. Freire (1996) propõe que somente um ser observador de seu contexto é capaz de distanciar-se e capaz de transformá-lo e participar historicamente dos fatos. Freire (1988) diz que primeiramente lemos o mundo para depois retratá-lo na palavra. Zoppi-Fontana (2012) define que o sujeito pode ser o autor e o leitor da sua produção textual eDolz; Noverraz e Schneuwly (2004[2001]) explicam sobre atividades de cunho observador que favorecem a análise dos elementos do gênero.
No Módulo II, são atividades que mobilizam o aluno a pensar no teor da informação: o seu tema, a mensagem no poema e o que procura ensinar ou transmitir no enredo poético. Se há intertextualidade e por qual motivo busca informações na cultura popular? Também identificam os elementos mais comuns nas produções de cordéis: aventuras, humor, histórias de amor, crítica social, universo sertanejo até os causos maravilhosos. O aluno, por observação e análise, deve identificar o que é mais comum aparecer nos cordéis. Com base nos títulos, o aluno deverá inferir sobre a temática central dos cordéis e refletir sobre as condições de produção dos textos e o que leva os cordelistas a escrever sobre cada temática. O principal é desenvolver a percepção e refletir sobre os elementos narrativos do gênero poema de cordel. Como indica Bentes (2012) sobre a natureza contextual de produção e finalidade; a natureza discursiva: o que dizer ao outro dependendo do lugar discursivo e a natureza textual com a sua sequência: forma, composicional e estilo. Esclarece Caretta (2008), que o conteúdo temático é o sentido do texto, uma apreensão da realidade na qual a esfera discursiva delimita e determina esse conteúdo temático. Para Rojo (2004), ser letrado na vida é interpretar diversos textos e discursos de acordo com a realidade na qual foi elaborada. Avaliando suas ideologias e trazendo as informações contidas no texto para o seu contexto social. Elucida Freire (1980) que é a transformação da consciência ingênuo-transitiva para uma consciência crítica através do diálogo intertextual assim desenvolver a consciência mais científica dos fatos, o lado epistemológico no educando.
No Módulo III, o aluno ser conduzido a uma observação na composição do poema em estrofes, versos e rimas. As atividades, por dedução, levam o aluno a identificar o esquema de rimas mais comuns nos poemas de cordel: as sextilhas. Por que se utiliza tal esquema e para quê? As sextilhas também são analisadas pelos alunos em um exercício dedutivo. O aluno percebe a importância da tradição oral nos poemas de cordel e a técnica que facilita a sua memorização: a sua estrutura cíclica no enredo (a situação de equilíbrio, o conflito e a restauração do equilíbrio); como também outros recursos o uso do ABC, acrósticos e o cordel biográfico. Por fim, tem contato com os aspectos que envolvem a arte da xilogravura nos cordéis e seus conteúdos temáticos. A chave do texto é provocar o leitor e/ou ouvinte, pois a composição de um texto está nos recursos que facilitam a memorização. Rojo (2002), explica para formar um leitor cidadão é necessário que o aluno compreenda a sua realidade através de atividades diferenciadas. Dolz; Noverraz e Schneuwly (2004[2001]) ratificam que os alunos necessitam criar contextos de produção com múltiplas atividades, pois permitirá ao aluno desenvolver suas capacidades de expressão oral e escrita. Salientam que a comunicação humana mantém viva as ações passadas possibilitando que sejam revividas e registradas pela linguagem.
No Módulo IV, engloba o estilo do cordel, pois com as atividades o aluno reconhece os traços linguísticos característicos do território brasileiro e o tom discursivo (humor, sátira e informações) presentes nos poemas. O aluno aborda como a linguagem é utilizada no cordel: ao ler os poemas, compreende o ritmo e a finalidade das pontuações percebendo a musicalidade no texto. Com as atividades, retoma a questão do fio narrativo (o que desencadeia um conflito e como o eu lírico informa que resolveria a questão) presente nos poemas de cordel. Afinal, o poema de cordel foi criado para ser recitado. É importante que os alunos percebam a relação dos recursos estilísticos utilizados pelo poeta para criar esses efeitos, como a musicalidade e o ritmo. Também a diversidade lexical e os regionalismos empregados, elementos para o estilo do gênero. O poeta fazia os versos oralmente, não escrevia. Nesse, caso, a oralidade assume papel central na produção da literatura de cordel. No final, uma canção de Luiz Gonzaga ABC do Sertão para sensibilizá-los sobre variedades linguísticas. Afirma Avelar (2012) que o papel da escola é desenvolver as capacidades leitoras do aluno através de recursos que o habilitem a expressão oral e escrita. Distingue Marcuschi (2001) sobre a oralidade, que se trata de uma prática sociocomunicativa e pode ser formal ou informal dependendo do contexto de uso. Bentes (2012) pontua que a oralidade e a escrita estão conectadas socialmente e se completam no discurso interativo utilizando-se de vários recursos como a pontuação e seleção lexical. Não deixando de analisar o quadro multissemiótico da oralidade: ritmo de fala, entoação, gestualidade e expressão. Scherre (2008 apud Abraçado, 2008) comenta sobre as variedades linguísticas e que somos multilíngues na arte de ouvir.
Na Produção Final, uma proposta contextualizada a qual pode ser comparada à primeira produção para que se perceba o progresso do aluno. Nos exercícios, os alunos abordam aspectos da temática, da forma composicional e do estilo dos poemas, aspectos da musicalidade com destaque para as rimas. As características típicas do cordel: estrofes de seis versos (sextilhas), versos de sete sílabas poéticas e rima de versos pares. O aluno ser o arquiteto de suas reflexões e tece uma concepção cultural, cujos sentidos favoreceram a construção do saber. O objetivo dessa atividade é sistematizar os conhecimentos sobre o gênero antes de solicitar aos alunos que produzam seus cordéis. Neste caso, o protagonismo juvenil é fundamental no contexto escolar: valorizar a sua cultura e provocar no aluno a vontade de ‘aprender a conhecer’ outros aspectos culturais; ter consciência desse processo de produção de sentidos e elaborar uma prática discursiva. Os autores Dolz; Noverraz e Schneuwly (2004[2001]) explicam essa sequência como capitalizar as aquisições por módulos e constroem progressivamente conhecimentos sobre o gênero adquirindo uma linguagem técnica. Nessa perspectiva, os autores propõem questões sequências sobre o gênero, proposta da turma, suporte, finalidade e interação. Revela-se ao professor o nível de aprendizado dos alunos do processo de aprendizagem por módulos. Em síntese, Bentes (2012) e Marcuschi (2006) avaliam que a aprendizagem dos gêneros possibilita ao aluno adquirir a competência de reconhecer os diversos gêneros textuais e discursivos nos processos sociocomunicativos determinados historicamente.

2 comentários:

  1. A palavra fala,
    a palavra diz,
    a palavra pensa em
    Leitura.
    Faça seu comentário e dê suas sugestões em nosso espaço.

    ResponderExcluir
  2. ELABORAÇÃO DO PROJETO ROSANGELA BARROS DE LIMA

    ResponderExcluir